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Em show histórico, Rodger e Téti lotaram o CCBNB neste domingo, 15/12, encerrando a Virada Cultural, recebendo convidados e emocionando a plateia com clássicos da música do Ceará para o Brasil

 

 


Texto: Dalwton Moura. Fotos: Fernanda Leal

Emoção transbordante. Show histórico. Protagonistas da música do Ceará para o Brasil. Um encontro de muitas vontades, bagagens, trajetórias, talentos, inspirações, convergências, cumplicidades.

Rodger Rogério e Téti, celebrando 80 anos e encerrando a Virada Cultural do Centro Cultural Banco do Nordeste, lotaram o espaço neste domingo, 15/12, à noite, encerrando a grande maratona, de mais de 100 eventos e mais de 500 artistas, da programação iniciada no último dia 5.

No palco, convidados como Rogério Franco (irmão de Rodger, celebrando 60 anos e cantando a linda "Cinema Carraugem", faixa-título do livro-disco que eles e Rodger lançaram neste ano), Makem (arrasando em dueto com Rodger em "Ponta do lápis", de Rodger e do saudoso Clôdo Ferreira, realizando o sonho de cantar junto com o compositor cearense), Vitoriano (arrebatando o público em duo com o parceiro Rodger no clássico "Quando você me pergunta", de Rodger e Antonio José Lima e Silva, que também se despediu neste ano), Dalwton Moura (no violão em "Futuro e Memória" e "Uma canção a mais", ambas dele e de Rogério Franco, interpretadas no show por Rodger e seu filho Pedro Rogério), Julia Fiore (neta de Rodger e Téti, nos vocais e na percussão), Flavia Rogério (nos vocais, filha de Rodger e Téti), Mayra Rogério (nos vocais, filha de Rodger e Vânia Porto Rogério). 


Robson Gomes, Alex Moreira, Vitoriano, Paulinho Santos, Makem, Luciano Franco, Dalwton Moura, Rodger Rogério, Henrique Beltrão, Téti, Pedro Rogério, Julia Fiore, Flavia Rogério, Rogério Franco, Mayra Rogério


Junto a eles, uma super banda, com direção musical e arranjos assinados pelo maestro Luciano Franco, parceiro de Rodger no xote "Bom dizer", música inédita que foi um dos destaques do show. No grupo, Hermano Faltz na guitarra, Robson Gomes no teclado e no acordeom, Alex Moreira no trompete, Paulinho Santos na bateria, Rogério Franco no violão.

E uma super equipe técnica, com Clarisse Melo na sonorização, Gabriel Andrade na gravação do áudio, Jorge Albuquerque na filmagem do show, Valdo Jr. na iluminação, Marcão roadie/diretor de palco, Fernanda Leal nas fotografias, Nadja, Cris e Vanderli na recepção, Fran, Marcos, Aldízio e Alexandre no apoio geral, Dalwton Moura na coordenação de produção do show Rodger e Téti 80, Sara Síntique, Lua Oliveira, Silvia Torres e diversos outros colegas na produção de outros eventos da Virada Cultural, Gildomar Marinho na direção geral do CCBNB Fortaleza e na coordenação de curadoria e de produção executiva da Virada, Marcus Caffé como mestre de cerimônias de todos os eventos dessa extensa e diversificadíssima programação. 

Rodger, Téti e todos os músicos agradecem especialmente a Kátia Freitas, Cristiano Pinho (in memoriam), Edmar Gonçalves, Calé Alencar, Davi Duarte, Gilmar Nunes, Theresa Rachel e todos do projeto Futuro e Memória - Música do Ceará, dos dois discos lançados e do especial audiovisual. Também a Alan Mendonça, parceiro de Rogério Franco nas canções do livro-disco "Cinema Carruagem", destacado nesta noite inesquecível.

E a todos e todas do CCBNB, representados na pessoa do essencial Gildomar Marinho, da recepção ao asseio e conservação, do financeiro à seguranca, dos vendedores ambulantes aos auxiliares de apoio geral. A todos e todas os as espectadores/as. A todos da imprensa. A todos das redes. Todos que fizeram acontecer.





Rodger e Téti no CCBNB lotado: saiba como foi o show

Mestres da geração que se tornaria conhecida por "Pessoal do Ceará" ao abrir espaços na indústria fonográfica nacional no início dos anos 70, Rodger Rogério, cantor, compositor, violonista, e Téti, cantora e a grande dama da canção cearense, se apresentaram em show especialíssimo neste domingo.

Rodger abriu a noite com "Retrato marrom", clássico dele e de Fausto Nilo, um tango permeado do clima da ditadura civil militar empresarial brasileira, começando a apresentação já com muita energia na voz. Os duetos com Vitoriano em "Quando você me pergunta" e com Makem em "Ponta do lápis" mantiveram o ritmo e foram muito aplaudidos. 


Vitoriano e Rodger, parceiros em disco
Rodger então homenageou o parceiro Dedé Evangelista antes de interpretar dois dos maiores clássicos de sua carreira, escritos com Dedé: "Falando da vida" e "Curtametragem", ambos do LP de 1973, "Meu corpo, minha embalagem, todo gasto na viagem". "E colocamos o nome da música de 'Curtametragem', embora muitos amigos achassem que deveria ser 'Marquise'", contou, sobre a canção que começa com o verso "Embaixo das marquises, nem tristes nem felizes, olhando, olhando a chuva cair", e que ficou imortalizada na voz de Téti, no LP.

Em "Futuro e Memória" e "Uma canção a mais", canções de Rogério Franco e Dalwton Moura, Rodger mostrou mais um tango, no caso da primeira, e recebeu o filho Pedro Rogério para interpretar a segunda, um fox/canção de amor doído de que o parceiro Augusto Pontes gostava muito. Pedro foi convidado pelo maestro Luciano Franco a permanecer no palco para o xote "Bom dizer", canção inédita, de Rodger e Luciano, que foi um dos grandes destaques da noite. 

Makem realizou o sonho de cantar com Rodger Rogério


Hora e vez então de a banda deixar o palco para Rodger interpretar, em voz e violão, outra inédita: a belíssima "Palavras no chão", dele e de Fausto Nilo, para muitos, muitos aplausos a uma canção de lirismo pungente, daquelas que Fausto sabe tão bem fazer. "Cinema carruagem", de Rogério Franco e Alan Mendonça, foi também aplaudidíssima, com Rogério ao violão e na voz e Rodger cantando junto. Um clássico da música do Ceará, que dá título ao disco-livro lançado pelos três em janeiro deste ano, na abertura das comemorações pelos 80 anos de Rodger. 


No retorno da banda ao palco, o poeta, compositor, comunicador, professor Henrique Beltrão, que fizera a abertura do show com um poema em homenagem a Rodger, retorna para declamar outro poema, reverenciando Téti. E convidando ao palco a grande dama da canção cearense, acompanhada por Flavia Rogério, Mayra Rogério e Julia Fiore nos vocais (Julia também na percussão). "Chão sagrado" encheu o CCBNB das cores nordestinas da parceria entre Rodger e Belchior, em um arranjo que foi do maracatu ao baião, passando pelo rock. E haja emoção, com Rodger e Téti dividindo o palco.


Dalwton Moura e Rogério Franco
"Bye bye baião", outro clássico de Rodger e Dedé, foi também interpretado pela dupla, com os vocais das filhas e netas e o público cantando junto a música sobre a "modernidade tecnológica" que já dava as caras nos anos 60. "Não há, ó gente, ó não, tá tudo em frente da televisão". Qualquer semelhança com os smartphones de hoje não é mera coincidência.

E veio então um dos momentos mais fortes da noite, com a magistral "Beco da noite", de Rodger e Pepe Capelo, interpretada por ele e Téti, com as fortes cores de um blues psicodélico surreal a la Pink Floyd, com destaque para o teclado de Robson Gomes em timbre de Hammond e a guitarra rascante de Hermano Faltz, transitando do jazz para as pentatônicas blueseiras. "No beco da noite, no vinco do dia...". A plateia correspondeu à altura!


Julia Fiore, voz e percussão

Fechando o "tempo regulamentar" do show, outro clássico na voz de Rodger e Téti: "Barco de cristal", de Rodger, Clodo e Fausto Nilo, com direito a uma surpresa da plateia: cartazes com "Lá" e "Laiá", erguidos no famoso refrão nos vocalises "Lá, laiá, laiá...". A canção, composta em uma noite de chuva em São Paulo, em que Fausto queria sair mas Rodger e Clodo desejavam ficar em casa, ecoou até o final da noite deste domingo no CCBNB, com uma etérea fantasia. "Que lindo! Que bonito! Que incrível, gente", derramou-se Téti, surpresa com os cartazes erguidos pela plateia no refrão intuitivo e impressionista de um fado cearense-candango, uma canção atemporal.

No bis, "Cavalo-ferro", tradicional número para todos os convidados voltarem ao palco e cantarem juntos, para a plateia de pé, o clássico de Fagner e Ricardo Bezerra. Que muitos pensam ser composição de Rodger - inclusive uma prefeita que já o homenageou em evento como se fora o autor da canção. "Se você disser que não é sua, eu lhe mato!", disse ao intérprete. Rodger e Téti emocionaram o público no CCBNB lotado, em uma noite que mostrou que, além de celebrar a memória, também vale esperar pelo futuro, pelas novas gravações que ambos estão fazendo junto a Pedro Rogério e que em breve ganharão as plataformas. Caminhr a vida / recontar a história / cada novo dia / ontem e agora. Viva Rodger! Viva Téti! Vivam a música e os músicos do Ceará!





Mais sobre Rodger Rogério e as celebrações de 80 anos

Rodger Rogério, autor de clássicos da música do Ceará para o Brasil, é destaque como ator nos filmes "Bacurau", "Greta", "Pacarrete" e “Oeste Outra Vez”, que neste ano lhe rendeu o prêmio de melhor ator coadjuvante, no prestigioso Festival de Gramado, com o Kikito de Ouro. As celebrações pelos 80 anos começaram na data do aniversário, 28 de janeiro, com show especial no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza, com o lançamento do livro-disco de inéditas de Rogério Franco e Alan Mendonça na voz de Rodger, "Cinema Carruagem", e seguiram por Guaramiranga (Rodger foi o homenageado especial no 25º. Festival Jazz & Blues), pelo Cariri (com shows no Sesc Crato e no CCBNB, em Juazeiro do Norte), pelo Rio Grande do Sul (no Festival de Gramado), por São Paulo (com show ao lado de Vitoriano no City Lights, pelo projeto Maré Cearense) e por apresentações em diversos outros espaços na capital cearense, como o Anfiteatro da Beira-mar, o CCBNB, o Estúdio Estação Fronteira, o Cantinho do Frango, entre outros. Além da condecoração com a Medalha Humberto Teixeira, na Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado Renato Roseno e do Sindicato dos Músicos do Ceará.


Alex Moreira e o maestro Luciano Franco

Mais sobre Téti e os 80 anos da ave mãe da canção cearense


Téti, autora dos discos “Meu Corpo, Minha Embalagem, Todo Gasto na Viagem – Pessoal do Ceará” (com Rodger e Ednardo), “Chão Sagrado” (com Rodger), “Equatorial”, “Téti – Do Pessoal do Ceará”, “Nós Um”, celebrou seus 80 anos em um marcante show coletivo dirigido por Pedro Rogério, em agosto, no Cineteatro São Luiz.

O evento foi registrado em audiovisual e contou com a participação do próprio Rodger, de Fausto Nilo, Calé Alencar, Rogério Franco, Marcos Lessa, Flávia Rogério, Julia Fiore, Mayra Rogério, Dalwton Moura, Idilva Germano, Tailândia Montenegro, Pingo de Fortaleza, Edmar Gonçalves, Bárbara Sena, Clara Dourado, Cristiane Holanda, Davi Silvino, Henrique Beltrão, entre outros. Na banda-base arregimentada por Pedro Rogério, o maestro Luciano Franco, Adriano Oliveira, Alan Kardec, Rogério Franco, Ígor Ribeiro, Rodrigo BZ, Julia Fiore (vocais e percussão). Uma celebração musical em um grande encontro de amizade, congraçamento, amor em torno da intérprete que deu voz a grandes clássicos da música do Ceará para o Brasil. Inicialmente previsto para o projeto "Dentro do Som", em formato mais intimista, o show teve forte demanda por mais ingressos e passou para a plateia principal do cineteatro, atraindo mais de 500 espectadores.

Téti também participou do show de 70 anos do violonista e compositor Manassés, também no Cineteatro São Luiz, e vem realizando neste ano diversas gravações de músicas inéditas, assim como Rodger, em um projeto coordenado por Pedro Rogério.


Um ano marcante para três grandes da "MPC"


Pesquisador e professor, além de cantor e compositor, filho de Rodger e Téti, Pedro Rogério ressalta que 2024 é marcante pelos 80 anos de Fausto Nilo, Rodger Rogério, Chico Buarque, entre outros grandes nomes da MPB, que vêm recebendo suas mais que merecidas homenagens.

Ele enfatiza que Téti é reconhecida pelos pares como uma mãe que acolheu muitos artistas em sua casa, fosse para ensaios, estadias ou encontros frequentes entre amigos que gostam de estar juntos compartilhando arte, música e vida bem vivida. Entre tantos homens, ela é uma das poucas vozes femininas que deixou sua marca de mulher ao mesmo tempo forte e delicada, sempre sincera e profunda. Pedro destaca: “Dona de uma afinação vocal admirável, Téti merece todas as nossas homenagens. Viva Téti, a grande dama da nossa canção”.





















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