Foi demais, demais, demais! O Projeto Miudinho, com o espetáculo "Ou Isto ou Aquilo", com poemas de Cecilia Meireles musicados por Celso Delneri, foi aplaudido de pé por crianças de todas as idades, com casa cheia, neste domingo, 27/4, no espaço Terreiro, do Centro Cultural do Cariri, no Crato, na segunda noite de comemorações pelo aniversário de três anos desse equipamento. Noite que contou também com apresentação do grupo Barbatuques.
Fernando Cattony, Tatiana Conde, Analu Dias, Lu Basile, Ayla Lemos, Mirele Alencar, Barbara Sena foram recebidos com muito carinho pelo público do Cariri, na primeira apresentação do grupo na região. "Foi incrível! Foi mágico! Foi música! Foi poesia! Foi inesquecível", destacam as artistas, agradecendo a todos/as/es que compareceram, divulgaram, trabalharam, vibraram junto, fizeram acontecer.
O espetáculo foi apresentado no Cariri como parte de projeto apoiado pela Lei Paulo Gustavo, 13o Edital Secult Ceará, com apoio do projeto Futuro e Memória - Música do Ceará na produção executiva e na assessoria de comunicação. E voltará ao Cariri no mês de maio, com apresentações entre os dias 22 e 25.
No dia 22/5, às 14h, o Projeto Miudinho sobe ao palco do Teatro Violeta Arraes, na Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, com a meninada da instituição que é referência em memória, história, cultura, música, audiovisual, educação, entre outras áreas. Já no dia 23/5 às 9h da manhã o espetáculo chega ao Complexo Mirante do Caldas, em Barbalha, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.
Música, poesia e encantamento para as crianças, no Crato
O público que compareceu em grande número no final de tarde, começo de noite de domingo no Centro Cultural do Cariri, no Crato, pôde conferir por que o espetáculo "Ou Isto ou Aquilo" encanta e diverte a criançada e captura de forma leve e sensível a atenção dos adultos.
Desde a entrada em cortejo, descendo as escadas do Centro Cultural do Cariri e surpreendendo o público, os atores Fernando Cattony e Tatiana Conde e o quinteto musical formado pela atriz e cantora Analu Dias, pela pianista Lu Basile, também diretora artística do espetáculo; pela violonista, cantora e compositora Bárbara Sena; pela contrabaixista Mirele Alencar e pela baterista Ayla Lemos foram intensamente aplaudidos.
Lu, Bárbara, Mirele e Ayla integram o grupo Aquas. Todos e todas caracterizados cenicamente, com figurinos que chamam atenção da criançada e dos pais, enquanto se desenrola um roteiro divertido e que brinca com oposições, opções, contrastes lúdicos… É música ou é teatro? “Pet” de estimação ou garrafa “pet”? “Poesia ou poema”? Ou, ou, ou… “Ou Isto, ou Aquilo”. A criançada participou ativamente, interagindo com o elenco a todo tempo, em improvisações que enriqueceram o espetáculo.
Como na intervenção de uma menina que pediu para cantar uma música, e mandou "Barbie girl" com toda a desenvoltura. Outra explicou a diferença entre poema e poesia. "Poesia é com linhas. Poema é com estrofes...". Um garotinho também chamou atenção ao ser o primeiro a subir ao palco, quando o grupo convidou a meninada a tocar percussão com quengas de coco, na música "Coco verde", no momento de homenagem ao mestre da música do Ceará para o Brasil Tarcísio Sardinha, pai da violonista e cantora Bárbara Sena. E o que dizer do momento em que inúmeras garotas subiram ao palco para realizar o sonho de ser bailarinas, ao menos por uma noite? Emoção e muitos aplausos.
A improvisação é uma das características do espetáculo, com Fernando Cattony e Tatiana Conde se revezando entre inúmeros "cacos" e interações com a plateia, enquanto implicam um com o outro, mas também se ajudam em momentos como o "É rap ou é repente", em que o público é dividido em duas alas, uma para apoiar o rap puxado por Analu Dias, com "o time de Tatiana", outra para o repente, do time de "Cattony. "Pode todo mundo cantar o rap. Bora lá. Todo mundo! Não tem problema...", conclama o ator.
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Bábara Sena e Lu Basile |
Dentro dessa abertura para o diálogo com um público extremamente participativo, surpresas costumam acontecer. Ainda mais com uma plateia tão numerosa e cheia. Tatiana brincou, por exemplo, com um espectador que preferiu acompanhar no celular o jogo do Flamengo. E com uma espectadora que, chamada a ajudar na audiodescrição dos atores e das instrumentistas, exibiu amplos conhecimentos de moda, ao usar termos rebuscados e chiques para descrever a indumentária de Fernando Cattony.
As integrantes do grupo Aquas também foram muito aplaudidas, ao longo de todo o espetáculo. Lu Basile ao teclado e nos vocais, regendo o grupo; Bárbara Sena na voz, no violão, no xilofone, emocionando a todos em "Pra viver", homenagem a Luizinho Duarte, com essa canção dele e de Pedro Rogério, e "Coco verde", citada homenagem a Sardinha, que se despediu há três anos; a atriz, cantora, performer, multiartista Analu Dias com vocais marcantes, precisos e de muita personalidade, conduzindo a criançada por canções de diferentes gêneros, sempre chamando atenção tanto pela técnica quanto pelo carisma, em plena comunicação com a plateia; Mirele Alencar, professora de música, no contrabaixo azul bebê, delicadeza que é um dos detalhes do espetáculo, combinando com a bateria azul piscina ou "furta-cor" de Ayla Lemos, também cantora, compositora, participantes de inúmeros projetos na cena musical cearense. Um quinteto que teve que atender a muitos pedidos para fotos, depois do espetáculo, deixando novos fãs, miudinhos e altinhos, no Cariri.
Das coisas que não se compram
Durante uma hora de espetáculo no Centro Cultural do Cariri, o projeto Miudinho apresentou poemas do livro “Ou Isto, ou Aquilo”, da grande poeta carioca Cecília Meireles (1901-1964), musicados pelo compositor, professor e violonista paulistano Celso Delneri.
Os poemas abordaram temas sensíveis, como as coisas que não se compram, a exemplo das amizades, em "Leilão de Jardim"; as relações geracionais, no poema "A língua do nhem", que descreve uma velhinha e sua relação com os bichos de estimação; a criança que sonha ser bailarina e espelha a importância dos poetas e dos artistas; os dilemas da escolha que só uma palavra pequena de duas vogais carrega, "ou". Tudo isso é apresentado de forma lúdica pelos atores e músicos. Alguns poemas, como “O Eco”, são declamados, sem música, mas com muito ritmo e expressão, na interação com público.
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Mirele Alencar e Analu Dias |
“Improvisamos e brincamos com as palavras. Elas são portadoras de musicalidade e carregam nossas emoções. Durante o espetáculo fazemos rap e repente em conjunto com público”, ressalta a pianista Lu Basile, professora do Curso de Música da Universidade Estadual do Ceará (Uece), idealizadora do espetáculo e autora do roteiro, em parceria com Fernando Cattony.
“Provocamos questões sobre como é ver a vida com poesia. Trazemos também canções de Tarcísio Sardinha e Luizinho Duarte, uma homenagem a estes grandes mestres da música do Ceará para o Brasil, que se despediram de nós há quase três anos”.
O resultado é um espetáculo inspirador, que trabalha a sensibilização das crianças à música e à poesia, com muita interação em clima descontraído e com pleno espaço para a improvisação teatral. Além de oferecer uma experiência mobilizadora também para o público adulto, com muito a ver, ouvir, refletir. Do apuro musical da banda, trafegando por vários universos estéticos e gêneros musicais, à alegria e ao encantamento despertados pelos atores, pelas cantoras e pelas instrumentistas, em um momento em que o riso e a leveza se somam a uma concepção cênica esmerada. Tudo pensado, sentido e preparado com muito cuidado para cada espectador/a, crianças de todas as idades e adultos que, ressalta Fernando Cattony, não se esquecem de trazer em si a criança que foram. “Ou Isto, Ou Aquilo”. Criança e adulto. Isto e aquilo.
Ficha técnica
“Ou Isto, Ou Aquilo”, espetáculo do grupo Projeto Miudinho, tem concepção e direção artística de Lu Basile, roteiro de Lu Basile e Fernando Cattony. A adaptação de roteiro para cena é de Fernando Cattony e Tatiana Conde, com direção de ensaio pela contrabaixista e professora Mirele Alencar. Arte da Projeção: Amorfas.
Lu Basile é pianista, historiadora da música e professora do Curso de Música da UECE, desenvolveu outras importantes produções como o Projeto Miudinho e Gargalhada Choro.
Analu Dias, cantora e atriz, Mulher Preta, Multiartista, desde criança teve afeto pela dança, logo trilhando também os caminhos da música e do teatro. Estudante em Licenciatura em Teatro pelo IFCE, trabalha na empresa de personagens vivos Cia MIX da Alegria, é membro das Fortalretts e faz parte do elenco do Espetáculo Musical Nada Como Viver. Participou do filme “O Melhor Amigo”, de Allan Deberton, e do Coletivo N' de Multiartistas.
Bárbara Sena é cantora, compositora, violonista, musicista, produtora cultural, musicoterapeuta, professora de artes, apresentadora e atriz, além de pesquisadora, pesquisando atualmente a obra de seu pai, o mestre da música Tarcísio Sardinha. Fortemente influenciada pela música cearense e brasileira, suas composições chegaram a tocar em rádios da Argentina e Uruguai, além de Fortaleza, além de serem destacadas em diversos festivais.
Mirele Alencar contrabaixista que atua com vários grupos em Fortaleza, desenvolve o projeto Tocando em casa (lives) com músicos convidados e é professora na Fundação Raimundo Fagner e dirige a Musicalize.
Ayla Lemos jovem baterista, compositora, violonista que também trabalha com diversos artistas e coletivos da cena cearense e com projeto autoral Silêncios recentemente desenvolvido via lei Aldir Blanc.
Tatiana Conde é formada em Artes Cênicas pela Unicamp, trabalhou em teatro adulto e infantil. Foi apresentadora da TV Campinas , TV Cidade, atriz em eventos empresariais e infantis. Trabalha como locutora de rádio e tv e em dublagens. É contadora de histórias há mais de 10 anos.
Fernando Cattony é ator, circense, músico e luthier. Educador, possui sólida experiência em espetáculos teatrais, cinema e televisão. Atualmente promove a Pifarada Urbana em Fortaleza.
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Ayla Lemos, Mirele Alencar, Analu Dias, Bárbara Sena e Lu Basile, na passagem de som, no Centro Cultural do Cariri, no Crato |
Repertório
“Cabaçal”, de Ferreira Júnior
“Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles e Celso Delneri
“A língua do nhem”, de Cecília Meireles e Celso Delneri
“A bailarina”, de Cecília Meireles e Celso Delneri
“O lagarto medroso”, de Cecília Meireles e Celso Delneri
“O eco”, de Cecília Meireles e Celso Delneri
“Leilão de jardim”, de Cecília Meireles e Celso Delneri
“Pra viver”, Luizinho Duarte e Pedro Rogério
“Coco Verde”, de Tarcísio Sardinha e Flávio Paiva
"Vivam as artistas e as crianças de Fortaleza do Cariri, do Ceará! Viva a vida além do que se vê. Viva o sentir a vida por meio da arte. Viva o Projeto Miudinho. Viva o espetáculo 'Ou Isto ou Aquilo'!"
Fotos: Dalwton Moura/Divulgação
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