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Com espetáculo e oficinas no Terreiro de Mestre Aldenir, no Crato, Projeto Miudinho encerrou sua temporada no Cariri. Dias de alegria, sorrisos da criançada, emoção para todos e todas

Mestre Aldenir, do reisado de congo, emocionou o grupo, com a acolhida em seu terreiro e com a participação e o diálogo a cada momento: saberes e fazeres artísticos e uma lição de vida e de humanismo


A temporada de três dias, quatro espetáculos e três oficinas do grupo Projeto Miudinho no Cariri, com o espetáculo "Ou Isto ou Aquilo", com poemas de Cecília Meireles musicados para crianças de todas as idades, foi encerrada neste sábado, com a apresentação no Terreiro do Mestre Aldenir do reisado de congo, no distrito de Bela Vista, zona rural do Crato. Marcada por muita emoção e pela resposta participativa das crianças, a temporada foi finalizada com a realização, também no terreiro, de oficinas de pife, com Fernando Cattony, ator, brincante, músico e artesão do grupo, e de percussão corporal, com Mirele Alencar, contrabaixista e professora, e Lu Basile, pianista, professora universitária, idealizadora e diretora geral do Projeto Miudinho. 

De presente, após um dia inteiro de muita emoção com as crianças da comunidade e com as histórias e os ensinamentos de mestre Aldenir, o grupo experienciou uma vivência no reisado, com o mestre e as crianças e adolescentes da Bela Vista demonstrando a dança, a batalha de espadas, os cantos, o encantamento dessa tradição tão cheia de cores e de significados, da cultura popular tradicional no Cariri. Tudo em meio a belíssimas fotos e grafites, no espaço de mestre Aldenir, que sempre com um sorriso no rosto e os olhos azuis de menino com seus 91 anos proporcionou uma acolhida inesquecível a todos/as do grupo, formado também por Analu Dias, cantora, atriz, multiartista, Bárbara Sena, violonista e cantora, Ayla Lemos, baterista.

Antes do sábado de mergulho no universo multicor do reisado, o grupo, na atual temporada, apoiada pela Lei Paulo Gustavo, 13o. Edital da Secult Ceará e pelo Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri, passou pela Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, com espetáculo no Teatro Violeta Arraes e oficina de pifes na Secretaria da Cultura do Crato, na quinta-feira, 22/5; pelo Complexo Ambiental Mirante do Caldas, em Barbalha, na sexta-feira pela manhã e pelo Teatro do Sesc Crato, na sexta à noite. 

Cada apresentação foi marcada por especificidades, quanto às crianças e pais, ao contexto comunitário, ao tipo de espaço, a sutilezas, delicadezas, detalhes de cada momento. Na Fundação Casa Grande, o teatro lotou tanto que a própria meninada se espantou, participando com muita atenção e receptividade do espetáculo que une poesia, música, reflexão, sensibilização, diversão, beleza e, claro, muitos risos. 

O lindo teatro da Casa Grande deu as boas-vindas do Cariri ao grupo, com direito a muitos momentos de encantamento: da visita ao Memorial do Povo Kariri, guiada pelas crianças da Casa, ao almoço com o carinho da equipe da instituição, passando pela acolhida da turma da Secult Crato e dos estudantes da rede municipal na oficina de pife e ainda por momentos marcantes junto ao mestre Espedito Seleiro, que acabara de retornar do Rio de Janeiro, onde recebera das mãos do presidente Lula a Ordem do Mérito Cultural.   

Apresentação em Nova Olinda, Teatro Violeta Arraes


No Complexo Ambiental Mirante do Caldas, em Barbalha, que já vive a expectativa pela tradicionalíssima Festa de Santo Antônio, do Pau da Bandeira, a criançada das escolas municipais se mostrou extremamente participativa na sexta pela manhã, interagindo com o grupo o tempo todo, proporcionando muitas surpresas no diálogo com os atores e com o quinteto musical feminino. Foi uma manhã de encontros e caminhos novos, dentro do espaço para a improvisação no espetáculo. E os integrantes do Miudinho ainda tiveram a oportunidade de um alumbramento com a natureza de Barbalha, ao subir o teleférico do Caldas e contemplar o verde e as belezas deslumbrantes da região.

No Sesc Crato, na noite de sexta, a meninada voltou a proporcionar surpresas e emoção, como na participação declamando o poema de Cecília, do eco. Pais, mães, filhos e filhas compareceram em grande número, colaborando com alimentos para o programa Mesa Brasil, tirando muitas fotos com os integrantes do grupo e curtindo cada momento musical, poético, teatral do espetáculo. 

Assim como a meninada do distrito de Bela Vista, no sábado pela manhã, com direito à presença de mães e avós e à emoção dos artistas do Miudinho em ter o privilégio de visitar o terreiro de Mestre Aldenir e tanto aprender com ele sobre reisado, sobre dança, sobre ritmo, sobre tradição e história, mas principalmente sobre a vida, a longevidade, as relações humanas, o amor pela arte e pela cultura, o cuidado de um com o outro, a ética, a honestidade, a devoção à missão de contribuir por décadas e décadas com a comunidade, por meio da cultura tradicional popular e do fortalecimento de laços de congraçamento e cuidado uns com os outros, para muito além dos desafios materiais e da disparidade social. 


Espetáculo no Teatro Sesc Crato

Sempre homenageando também Tarcísio Sardinha e Luizinho Duarte nos espetáculos, o Projeto Miudinho se despediu do Cariri com uma confraternização com músicos, produtores, espectadores locais, no Crato Tênis Clube, com apresentação musical de Bárbara Sena, Analu Dias e Ayla Lemos, com participação de Fernando Cattony e de Lu Basile. Já com saudades na bagagem, o grupo seguiu para a viagem de volta a Fortaleza transformado pela força das experiências na região, onde em 27/4 havia se apresentado pela primeira vez, no Centro Cultural do Cariri, no Crato, na programação especial de três anos do equipamento. "Meu Cariri, meu Cariri, chego cheio de recordação...". E de emoção, saudade, de agradecimento e desejo de um retorno o mais breve. Que venham mais apresentações, para miudinhos de todas as idades.


Saiba mais sobre o Projeto Miudinho

Um espetáculo que encanta e diverte a criançada e que captura de forma leve e sensível a atenção dos adultos. Assim é "Ou Isto ou Aquilo", apresentação musical educativa, criação do grupo Projeto Miudinho, de Fortaleza, com poemas de Cecília Meireles musicados por Celso Delneri. O espetáculo esteve em temporada no Cariri, de 22 a 24/5, em nova oportunidade para o público, após a aplaudida apresentação realizada em abril, na programação de aniversário de três anos do Centro Cultural do Cariri.

A temporada é apoiada pela Secretaria da Cultura do Ceará, com recursos provenientes da Lei Complementar 195/2022 (Lei Paulo Gustavo), por meio do edital 13o. Edital das Artes. E também conta com apoio do Centro Cultural Banco do Nordeste - CCBNB Cariri, da Fundação Casa Grande, do Complexo Ambiental Mirante do Caldas e do Sesc/Fecomércio. 

Espetáculo para estudantes da rede municipal de Barbalha, no Complexo Ambiental Mirante do Caldas, na sexta-feira


No espetáculo, o consagrado ator Fernando Cattony se soma a um quinteto musical feminino formado pela atriz e cantora Analu Dias, pela pianista Lu Basile, também idealizadora e diretora artística do espetáculo; pela violonista, cantora e compositora Bárbara Sena; pela contrabaixista e professora Mirele Alencar e pela baterista e compositora Ayla Lemos.

Lu, Bárbara, Mirele e Ayla integram o grupo Aquas. Todos e todas caracterizados cenicamente, com figurinos que chamam atenção da criançada e dos pais, enquanto se desenrola um roteiro divertido e que brinca com oposições, opções, contrastes lúdicos… É música ou é teatro? “Pet” de estimação ou garrafa “pet”? “Poesia ou poema”? Ou, ou, ou… “Ou Isto, ou Aquilo”. A criançada participa ativamente, interagindo com o elenco a todo tempo, em improvisações que enriquecem o espetáculo e tornam única e especial cada apresentação.

Teleférico e contato com a natureza, no Caldas

Durante uma hora, o grupo apresenta poemas do livro “Ou Isto, ou Aquilo”, da carioca Cecília Meireles (1901-1964), musicados pelo compositor, professor e violonista paulistano Celso Delneri. Os poemas abordam temas sensíveis, como as coisas que não se compram, a exemplo das amizades, em "Leilão de Jardim"; as relações geracionais, no poema "A língua do nhem", que descreve uma velhinha e sua relação com os bichos de estimação; a criança que sonha ser bailarina e espelha a importância dos poetas e dos artistas; os dilemas da escolha que só uma palavra pequena de duas vogais carrega, "ou". Tudo isso é apresentado de forma lúdica pelos atores e músicos. Alguns poemas, como “O Eco”, são declamados, sem música, mas com muito ritmo e expressão, na interação com público.    


“Improvisamos e brincamos com as palavras. Elas são portadoras de musicalidade e carregam nossas emoções. Durante o espetáculo fazemos rap e repente em conjunto com público”, ressalta a pianista Lu Basile, professora do Curso de Música da Universidade Estadual do Ceará (Uece), idealizadora do espetáculo e autora do roteiro, em parceria com Fernando Cattony.

“Provocamos questões sobre como é ver a vida com poesia. Trazemos também canções de Tarcísio Sardinha e Luizinho Duarte, uma homenagem a estes  grandes mestres da música do Ceará para o Brasil, que se despediram de nós há quase três anos”.  

O resultado é um espetáculo inspirador, que trabalha a sensibilização das crianças à música e à poesia, com muita interação em clima descontraído e com pleno espaço para a improvisação teatral. Além de oferecer uma experiência mobilizadora também para o público adulto, com muito a ver, ouvir, refletir. Do apuro musical da banda interpretando as músicas de Celso Delneri sobre os poemas de Cecília Meireles, trafegando por vários universos estéticos e gêneros musicais, à alegria e ao encantamento despertados pelos atores, pelas cantoras e pelas instrumentistas, em um momento em que o riso e a leveza se somam a uma concepção cênica esmerada.

Tudo pensado, sentido e preparado com muito cuidado para cada espectador/a, crianças de todas as idades e adultos que, ressalta Fernando Cattony, não se esquecem de trazer em si a criança que foram. “Ou Isto, Ou Aquilo”. Criança e adulto. Isto e aquilo.

Ficha técnica

“Ou Isto, Ou Aquilo”, espetáculo do grupo Projeto Miudinho, tem concepção e direção artística de Lu Basile, roteiro de Lu Basile e Fernando Cattony. A adaptação de roteiro para cena é de Fernando Cattony  e Tatiana Conde, com direção de ensaio pela contrabaixista e professora Mirele Alencar.  Arte da Projeção: Amorfas.

Lu Basile é pianista, historiadora da música e professora do Curso de Música da UECE, desenvolveu outras importantes produções como o Projeto Miudinho e Gargalhada Choro.

Analu Dias, cantora e atriz, Mulher Preta, Multiartista, desde criança teve afeto pela dança, logo trilhando também os caminhos da música e do teatro. Estudante em Licenciatura em Teatro pelo IFCE, trabalha na empresa de personagens vivos Cia MIX da Alegria, é membro das Fortalretts e faz parte do elenco do Espetáculo Musical Nada Como Viver. Participou do filme “O Melhor Amigo”, de Allan Deberton, e do Coletivo N' de Multiartistas.

Bárbara Sena é cantora, compositora, violonista, musicista, produtora cultural, musicoterapeuta, professora de artes, apresentadora e atriz, além de pesquisadora, pesquisando atualmente a obra de seu pai, o mestre da música Tarcísio Sardinha. Fortemente influenciada pela música cearense e brasileira, suas composições chegaram a tocar em rádios da Argentina e Uruguai, além de Fortaleza, além de serem destacadas em diversos festivais.

Mirele Alencar, contrabaixista que atua com vários grupos em Fortaleza, desenvolve o projeto Tocando em casa (lives) com músicos convidados e é professora na Fundação Raimundo Fagner e dirige a Musicalize.

Ayla Lemos jovem baterista, compositora, violonista que também trabalha com diversos artistas e coletivos da cena cearense e com projeto autoral Silêncios recentemente desenvolvido via lei Aldir Blanc.  

Fernando Cattony é ator, circense, músico e luthier. Educador, possui sólida experiência em espetáculos teatrais, cinema e televisão. Atualmente promove a Pifarada Urbana em Fortaleza.  


Repertório


“Cabaçal”, de Ferreira Júnior

“Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles e Celso Delneri

“A língua do nhem”, de Cecília Meireles e Celso Delneri

“A bailarina”, de Cecília Meireles e Celso Delneri

“O lagarto medroso”, de Cecília Meireles e Celso Delneri

“O eco”, de Cecília Meireles e Celso Delneri

“Leilão de jardim”, de Cecília Meireles e Celso Delneri

“Pra viver”, Luizinho Duarte e Pedro Rogério

“Coco Verde”, de Tarcísio Sardinha e Flávio Paiva



















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