Um show coletivo nos Jardins do Theatro José de Alencar, na terça-feira, 17/6, às 22h30, reunindo Rodger Rogério, Lúcio Ricardo, Luiza Nobel, Gabriel Aragão (dos Selvagens à Procura de Lei) e Caio Castelo marcará a celebração pelos 115 anos do TJA.
Com entrada franca, a apresentação, intitulada “Jardim do Olhar - 115 Anos do TJA e 45 Anos do LP Massafeira”, acontecerá nos Jardins de Burle Marx e contará com entrada franca, assim como as diversas outras atrações preparadas pelo Theatro para marcar essa data tão simbólica e especial, dos 115 anos do mais tradicional e simbólico espaço das artes no Ceará. O dia será repleto de atividades e espetáculos. Tudo com acesso gratuito.
A direção artística do show das 22h30 é de Caio Castelo (compositor, cantor, multi-instrumentista, produtor musical, reconhecido por dirigir inúmeros projetos musicais e por ter lançado quatro discos autorais) e do compositor, cantor, produtor cultural, jornalista e pesquisador Dalwton Moura. A direção musical é de Caio Castelo.
Os intérpretes passearão por canções do clássico LP “Massafeira”, lançado em 1980, um ano depois da Massafeira Livre, evento marcante na história da cultura e da arte do Ceará para o Brasil e que ocupou o TJA com noites de música, poesia e diversas outras linguagens, em um encontro de gerações, estéticas, ética e resistência, nos estertores da ditadura civil-militar brasileira e em meio à luta pela anistia e pela redemocratização.
Os ecos da Massafeira Livre se fazem sentir até a atualidade, no confluir de artistas de enorme pluralidade, na afirmação da criação cearense, nos inúmeros diálogos estabelecidos, inclusive com a presença do poeta Patativa do Assaré e dos jovens compositores e cantores que traziam as influências do rock, do blues, da música urbana e foram acolhidos pela visão ampla, generosa e inclusive de mestres como o saudoso Augusto Pontes, um dos que mais estiveram à frente da concepção e da realização daquela temporada onírica, ousada, provocadora. Absolutamente marcante.
Os 115 anos do TJA e os 45 anos do LP Massafeira, um disco duplo, gravado no Rio de Janeiro, com a presença de dezenas de músicos cearenses, documentada em fotos e textos em obras como o livro lançado quando de uma efeméride anterior, com organização de Ednardo e colaboração de vários autores. Para alguns dos jovens músicos, foi a primeira experiência em uma viagem - literal e criativa - desse porte, em uma imersão musical com conterrâneos e contemporâneos em outra cidade, em levar para o estúdio as músicas criadas na intimidade do violão e apresentadas ao público que abraçou a Massafeira.
O show “Jardim do Olhar”: gerações na transversal do tempo
Tantos anos depois, o Theatro José de Alencar volta a receber um encontro - menor e simbólico - de artistas no palco, para relembrar aquele momento e refletir sobre ele com os olhos de 2025, época de playlists, plataformas, comunicação digital a impor outros desafios para os músicos e músicas, para a difusão e a construção de instâncias de consagração de seus trabalhos.
Subirão ao palco montado nos Jardins do TJA os mestres Rodger Rogério e Lúcio Ricardo e os jovens Luiza Nobel e Gabriel Aragão. Rodgér, cantor, compositor, violonista, integra a primeira geração que viria a se tornar conhecida por “Pessoal do Ceará” (mesmo resistindo com criticidade ao termo), lançando seu álbum inicial em 1973, ao lado de Téti e Ednardo, o clássico “Meu Corpo, Minha Embalagem, Todo Gasto na Viagem”, frase de Augusto Pontes) e também subiu ao palco do TJA naquele 1979. Autor de clássicos do Ceará para o Brasil, como “Ponta do lápis” (com Clodo), “Barco de cristal” (com Clodo e Fausto Nilo) e “Falando da vida” e “Curtametragem”, ambas em parceria com Dedé Evangelista, está no LP da Massafeira com canções como a belíssima “O último raio de sol”, composta com Clodo e Fausto.
Lúcio Ricardo, cantor, compositor, violonista, gaitista, apresentou-se na Massafeira original, para algumas a segunda, para outros a terceira geração do “Pessoal”. Dono de uma presença de palco e de uma expressividade interpretativa singulares, Lúcio amealhou inúmeros prêmios em festivais Brasil afora, Ceará adentro. Está presente no LP Massafeira com canções como “Aviso aos navegantes”.
Luiza Nobel é um dos nomes de maior destaque na atual cena musical cearense. Cantora, atriz, compositora e arranjadora, venceu o Festival de Música da Juventude de Fortaleza em 2019 e foi premiada no Festival da Música de Fortaleza, interpretando canção de Tiago Araripe. Em seu repertório de percussão forte e ritmo swingado, a artista passa pelo reggae, rap, R´n´B, samba e soul. Dentro de uma sociedade capitalista, eurocentrista e heteronormativa, que marginaliza corpos e modos de vida, Luiza Nobel e seus projetos se fazem necessários! Cada música é um grito sobre amor, a cultura e a resistência dos que lutam pela visibilidade e igualdade, principalmente sobre o povo negro brasileiro.
Gabriel Aragão é cantor, compositor, escritor e produtor musical. É criador e vocalista dos Selvagens à Procura de Lei, banda com a qual fez cinco discos. Como artista solo, lançou o primeiro EP solo, “ABRECAMINHOS” (2022), e a releitura de “Caminando, Caminando” (2023), uma canção de resistência e liberdade composta por Víctor Jara. Os lançamentos vieram na sequência da sua estreia literária, “O Livro das Impermanências” (Editora Letramento, 2021) e da trilha para o filme “Malhada Vermelha” (indicada ao 30° Prêmio da Música Brasileira). Seu primeiro álbum solo, de 2023, “Rua Mundo Novo”, produzido por Marcelo Camelo (Los Hermanos), marcou uma fase de renovação para o artista. Gabriel é parceiro de Rodger Rogério na canção “A vida reina”.
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