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"Eles cantam Fausto": show com Rogerinho, Gilmar, Robot e Edmar reforçou o bom momento de grandes encontros na cena cearense

 

Edmar Gonçalves, Luciano Robot, Rogério Franco e Gilmar Nunes celebraram Fausto Nilo, no CCBNB

Um momento marcante, de grandes encontros na música do Ceará. No sábado, no Centro Cultural Banco do Nordeste, primeira noite da programação especial com curadoria de Calé Alencar em homenagem aos 80 anos de Fausto Nilo, o compositor quixeramobinense foi celebrado por Juruviara, Mona Gadelha, Yane Caracas e pelo próprio Calé.

No domingo, um novo grande encontro, no palco do Cineteatro São Luiz, com o show Manassés 70 Anos, produzido por Hélio Santos. Um espetáculo em que "Mana" abusou do direito de emocionar o público, reunindo, além do super trio com Tito Freitas, Miqueias dos Santos e Adriano Azevedo, Téti (também celebrando 80, a grande dama da canção cearense voltou aos palcos após mais de três anos), Rodger Rogério (também fazendo ao longo de 2024 shows de celebração de seus 80 anos, além do lançamento do livro-disco "Cinema Carruagem", com Alan Mendonça e Rogério Franco), Fausto Nilo, Adelson Viana, Humberto Pinho, Edmar Gonçalves, Alan Kardec. 

Nesta quarta-feira, 4 de setembro, no CCBNB Fortaleza, outro marcante show coletivo reuniu Edmar Gonçalves, Luciano Robot, Rogério Franco e Gilmar Nunes, perfilados em cadeiras, bem perto uns dos outros, lembrando o projeto "Cantoria" ou, como assinalou o jornalista Luciano Almeida Filho, Crosby, Stills, Nash e Young.

Nossos cantadores, cantautores, compositores, cada um carregando sua bagagem própria, trajetória, estilo, quatro vozes e quatro violões, fizeram um show simples e sincero, cativando pela verdade a plateia que, se não pôde tão numerosa numa quarta quanto fora no sábado de estreia da programação em homenagem a Fausto, foi extremamente atenta e receptiva. Incluindo a presença de grandes nomes da música, o que reforça o caráter coletivo deste momento, de valorização de encontros e de união para fortalecimento da cena cearense.

Estava lá, por exemplo, Tiago Araripe, compositor histórico do Ceará para o Brasil, artista que, radicado há mais de seis anos em Portugal, recentemente se apresentou no próprio CCBNB, também promovendo um encontro com a coletividade ao arregimentar para seu espetáculo o cantor e compositor e produtor Caio Castelo, a contrabaixista Dândara Marquês, o baterista Ígor Ribeiro, os compositores Pedro Rogério e Edmar Gonçalves e a cantora Tailândia Montenegro.

Pedro Rogério, filho de Rodger e Téti, professor do Curso de Música da UFC, pesquisador da música cearense, radialista, compositor, violonista, cantor, também estava entre os que nesta quarta aplaudiram Edmar, Luciano, Rogério e Gilmar. Assim como Paulo Branco, cantor e compositor, sempre presente na noite de Fortaleza e que lançou um disco com produção de Rogério Franco. O cantor e compositor Chico Araújo foi outro a prestigiar o quarteto que se dedicou a recriar no palco obras de Fausto Nilo com diversos parceiros.


Pedro Rogério, Tiago Araripe e Calé Alencar, aplaudindo Edmar, Luciano, Rogério e Gilmar: coletividade


Desde "Meninas do Brasil", com Gilmar Nunes partindo mais da versão de Moraes Moreira que da gravação do próprio Fausto Nilo, chamando atenção desde o começo, com sua voz forte e colocada, até Edmar Gonçalves com uma expressiva recriação de "Paroara", com uma levada mais rascante em seu violão de canhoto, ritmado e cortante, dialogando com o arranjo que costuma tocar para "O velho Francisco", de Chico. 

"Chegamos um bocado de gente / da mesma seara...". Seara siará. Seará Ceará! Edmar é um grande intérprete, mesmo sentadinho e ao violão, contrastando com a irrequieta performance cênica que sempre o caracterizou, passando por todo o palco, gesticulando, trazendo o corpo para o canto, e cantando com o corpo. Assim, e com seu belíssimo timbre e muita sensibilidade, acostumou-se a vencer festivais de composição e a conquistar prêmios de melhor intérprete. 



Luciano Robot, outro artista sempre presente na noite de Fortaleza, foi um dos grandes destaques do show, com sua voz de grande extensão, desenvoltura nos agudos e com interpretações mais arriscadas e rebuscadas, elementos cênicos no canto, mesmo sentado e ao violão, tal qual Edmar. Maravilhosa oportunidade de ouvi-lo, que agradecemos à curadoria de Calé, interpretar canções como "Pequenino cão", que testa os corações amorosos e lembra a fase de enorme sucesso de Fausto com interpretações como as da cantora Simone. "Quando desperto e vejo na porta da frente / Uma saída, a minha vida noutra vida diferente / E sem poder te dar à luz, meu coração, eu durmo cedo / E só te peço, amor / Não me abandones mais". Magistral equilíbrio entre redundância e novidade, nos diagramas da tessitura da canção popular. Este é Fausto Nilo!

Vale destacar também que dos quatro artistas do show, três passaram dos 60 anos, com Rogério Franco e Gilmar Nunes celebrando a marca neste 2024. Rogério, um dos mais versáteis e prolíficos compositores da cena do Ceará para o Brasil, brilhou nesta quarta-feira ao colocar em prática seu lado de intérprete, com muita experiência, sensibilidade e sabedoria na escolha das canções e nas concepções dos arranjos.  

"Barco de Cristal", com Rogério Franco na voz principal


Do repertório do irmão, Rodger Rogério, pinçou "Barco de cristal", parceria com Fausto e com o recém-falecido Clodo Ferreira, para, em uma recriação cadenciada e bela, colocar os colegas de palco e o público para cantar o "laraiaraiá" do refrão. Outro clássico de Rodger e Fausto, "Retrato marrom" ganhou com Rogério uma outra concepção de arranjo, favorecendo novos caminhos interpretativos, libertos da velocidade do tango e aptos a revelar outras nuances da letra de um angustiado Brasil de ditadura militar, civil e empresarial. "Silêncio azul das bocas presas". 

"Retrato marrom"


A metáfora do cidadão/da cidadã aflito por ser violentado pelo próprio país e, ao mesmo tempo, travando uma guerra de amor, entre "lembranças perdidas de um passado. E tudo bom!". "Brilha um punhal em teu olhar / Sinto o veneno do teu beijo / Era moderno o teu batom". Com direito a brincadeiras na plateia, com Calé a lembrar dona Monavon, mãe de Rodger Rogério e Rogério Franco.

"Equatorial"


Rogerinho também brilhou em "Equatorial", ao celebrar os autores, Fausto Nilo e Calé Alencar, respectivamente, pela comemoração de 80 e de 70 anos (Calé terá show especial para marcar a data, em 23 de outubro, no CCBNB, em mais um exemplo da importância do espaço para tantos espetáculos da cena cearense). Trazendo o reggae para um tempo mais lento e marcado, Rogerinho e colegas de palco colocaram o público para cantar, com direito a improvisos com o nome da programação elaborada por Calé Alencar: "80 anos em torno do sol. Fausto Nilo!".

"Tudo com você"


Entre outros destaques, Gilmar Nunes com "Tudo com você", anunciada como a única parceria de Fausto e Lulu Santos, "pra animar um pouquinho", e "Frenesi", também cantada sábado no CCBNB por Mona Gadelha e domingo no Cineteatro São Luiz por Téti, reforçando a importância e a beleza da canção de Petrúcio Maia, Francisco Casaverde e Fausto. Luciano Robot com "Chorando e cantando", o clássico maior da inspirada parceria Fausto e Geraldinho Azevedo, em uma versão de ampliada intensidade, e com "Amor nas estrelas", de Fausto e Roberto de Carvalho, com o cantor brilhando nos improvisos ao final. 

"Frenesi"


Realizado após a exibição do filme de Lúcio Flavio Gondim sobre Fausto Nilo, no começod a noite desta quarta-feira no CCBNB, o encontro intimista, simples e coeso entre Edmar, Luciano, Rogério e Gilmar arrebatou muitos aplausos e deixou a expectativa por mais apresentações do quarteto e de outros artistas nesse formato. Palmas para o encontro, o fazer a muitas mãos (e muitas vozes), para a coletividade! 

Programação continua nesta quinta, 5/9

A programação especial no CCBNB em homenagem a Fausto Nilo tem continuidade e encerramento nesta quinta-feira.

Às 19h Dalwton Moura e Calé Alencar entrevistam Marcos Sampaio, autor de dissertação de pós-graduação sobre Fausto.

Às 20h acontece o show "Elas Cantam Fausto", com Apá Silvino, Clara Dourado, Lídia Maria, Roberta Fiúza.

A entrada é franca, como em toda a programação do CCBNB.



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