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I Festival Ceará Voador: "O Medo Tá Foda", de Esaú Pereira, vence o festival, levando o prêmio de Melhor Curta. Evento foi encerrado na noite de sábado, no Dragão do Mar




A primeira edição do Festival Ceará Voador, voltada para o cinema, foi encerrada na noite deste sábado, 10/5, na sala 2 do cinema do Centro Dragão do Mar, com a exibição dos últimos filmes da mostra competitiva de curtas-metragens, seguida de debate com os realizadores. O filme vencedor foi anunciado pouco depois, na festa de confraternização do festival, no Verdura, na Praia de Iracema. "O Medo Tá Foda", animação dirigida por Esaú Pereira, foi o grande vencedor da mostra competitiva. 


Os longas "Todas as Vidas de Telma", de Adriana Botelho, do Cariri, e "A Luta de Nzinga", de Eduardo Cunha Souza, de Fortaleza, receberam o Troféu Homenagem do festival, que teve início na segunda-feira, 5/5, com muita emoção no encontro de idosas e idosos, moradores do Poço da Draga, nas duas oficinas de cinema, realizadas na sede da ONG Velaumar, e contou com a etapa de exibição de filmes, sempre seguidos de debates, de quinta a sábado, no cinema do Dragão. 


O festival foi apoiado pela Lei Complementar 195/2022 - Lei Paulo Gustavo, por meio da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza. E conta também  com patrocínio da ESPAÇOPROJETOS e com a parceria do Instituto Dragão do Mar, do Atelier Rural e da Editora Substânsia.





Em "O Medo Tá Foda", animação dirigida por Esaú Pereira, curta produzido por egressos do Curso de Audiovisual da Universidade de Fortaleza e da Escola Porto Iracema das Artes, o personagem Revo, em um cenário desértico e ensolarado, se vê envolvido em uma situação que o leva a uma jornada de fuga, durante a qual conhece diversas pessoas que lhe oferecem conselhos para superar seus medos. A animação começa com o furto de um "dindin" e se passa em um cenário desértico e apocalíptico, com referências à cultura e ao cotidiano das "periferias" cearenses. A história explora o tema do medo e como lidar com ele, utilizando a ficção científica como ferramenta.


Esaú Pereira cresceu no bairro Jardim Iracema, em Fortaleza. Dirigiu os curtas “AoMar” (2016) e “Então Eu Danço” (2021), além da série documental “Mestres do Mundo” (2022, com Lourdes Macena). Fundou a Studio Zonzo, produtora especializada em animação 2D e 3D, e atualmente trabalha na direção de animação do longa-metragem “Glória e Liberdade” e da série infantil “O Faz de Conta do Sítio” (Moçambique Audiovisual). “O Medo Tá Foda” é o primeiro curta de animação em que assina, além da direção, o roteiro





No longa "Todas as Vidas de Telma", de Adriana Botelho, Ana vive em Lisboa e passa por uma crise profissional e afetiva. Nesse momento, é chamada para ir ao município do Crato, para resolver um inventário familiar com a morte da tia-avó, Telma Saraiva. Lá, descobre o acervo fotográfico de Telma e suas técnicas inovadoras de foto-pintura. As mulheres retratadas na obra provocam uma epifania em Ana, que decide mudar sua vida totalmente.




Já o longa "A Luta de Nzinga" traz uma narrativa de conexões entre a história de Maria da Luz Fonseca, natural da Ilha de Príncipe, e a memória ancestral da rainha angolana Nzinga Mbandi. 


O júri da mostra competitiva de curtas do I Festival Ceará Voador foi  formado por Flor Fonteles, cineasta cearense de Fortaleza, que hoje mora no Canadá e integrou a primeira turma de Cinema da UFC, escrevendo atualmente um roteiro a ser filmado no estado; Lucas Coelho, destacado sonidista cearense, que estudou na Escola de Cinema de Cuba; e Wara, cearense que também estudou na Escola de Cinema de Cuba e tem um pensamento muito forte sobre a descentralização do cinema, trabalhando também com cinemas indígenas.


A curadoria do I Festival Ceará Voador ficou a cargo de dois cearenses - Rúbia Mércia, pesquisadora do cinema e da educação, que já foi coordenadora de audiovisual da Vila das Artes, também do Centro Cultural Bom Jardim e atua agora no Hub Porto Dragão, enquanto cursa doutorado no eixo "Cinema, Educação, Mulheres", e Pedro Diógenes, diretor, cineasta, militante do cinema feito no Ceará há muitos anos, profissional reconhecido no Brasil e no exterior, com olhar antenado para a nova produção - e um alagoano: o cineasta Ulisses Arthur, mantenedor de um festival de cinema em Alagoas, diretor de curtas finalizados no Ceará e que se destacaram em vários festivais, engajado nos debates sobre cinema e educação e sobre democratização do acesso ao audiovisual, atualmente finalizando no Ceará seu primeiro longa-metragem.


Encerramento destacou a coletividade


Em seu encerramento, na noite deste sábado, o Festival Ceará Voador realizou um agradecimento a todos e todas que integraram a equipe do evento, com a idealizadora e diretora do festival, Sara Síntique, agradecendo aos patrocinadores, apoiadores e parceiros e destacando a abrangência da equipe e a importância de cada um para a realização do novo festival. 


Desde a última quinta-feira foram exibidos 15 curtas-metragens e dois longas, seguidos de debates com os cineastas. Sempre com entrada franca e muitas ações para efetiva participação da comunidade, com destaque para pessoas que nem sempre têm acesso ao cinema. O festival propôs uma experiência de democratização do acesso ao cinema, voltada especialmente para pessoas que têm pouco acesso às salas de exibição, mas também aberta ao público em geral.


A programação destacou o audiovisual cearense e promoveu a reflexão sobre o fazer cinema no estado. As oficinas de cinema para idosos, sob os temas "O cinema que guardo aqui", com Leonardo Câmara, das 16h às 17h30, e "Filmes-carta", com Rúbia Mércia e Elen Andrade, das 18h30 às 20h, foram abertas na segunda-feira. As oficinas, realizadas em parceria com o Instituto Velaumar, coordenado por Izabel Lima, se destinaram ao público idoso já atendido pelo Instituto e integram as celebrações pelos 119 anos de luta e resistência da comunidade.

 

O acesso à Sala 2 do Cinema do Dragão foi gratuito, aberto ao público geral, e contou também com ações de mobilização de plateia, como oferta de transporte de ida e volta, possibilitando a participação de pessoas com histórico de poucas oportunidades de acesso ao cinema, como estudantes do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos, da rede pública, de escolas parceiras.


Um Ceará Voador na tela


Para Sara Síntique, o "Ceará Voador", nome que lhe foi sugerido e que ela recebeu como presente do escritor e amigo Manoel Ricardo de Lima, é o Ceará que sonha, que voa, que sempre foi muito vanguardista.


"Pra mim o festival é um voo, gerado pelo sonho. Quando a gente senta numa cadeira de cinema pra assistir a um filme, a gente tá ali imaginando, voando. E é uma imagem que tem a ver com todas as artes, que envolve o pioneirismo e a ousadia do cearense, como no voo do pavão misterioso de Ednardo, de sonho, imaginação, ousadia", relaciona.


"O cinema cearense está voando longe, se destacando nos festivais nacionais e internacionais, ganhando prêmios. A gente acredita muito no cinema e na educação cearense, exemplos pro Brasil todo. A arte produzida no Ceará é uma pauta cada vez mais importante, sem nenhuma restrição ao que é feito fora, mas com a missão de mostrar o que temos aqui", ressalta a diretora do festival.


As inscrições para o evento consideraram uma janela para um longo período de produção, como forma de contemplar filmes que foram lançados ou produzidos durante a pandemia e que sofreram com as restrições à experiência presencial do cinema.


Outro destaque foi para a presença de produções de realizadores do Interior do Estado, incluindo municípios como Juazeiro do Norte, Tianguá, Icó e Aracati.

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