Um baião - ou não - em Fortaleza com Zé Pitoco, clarinetista, saxofonista, zabumbeiro, do espetáculo em homenagem a Dominguinhos


Além de um dos grandes músicos do Brasil, Zé Pitoco é um enorme personagem! Sorriso fácil, o pernambucano de Cupira, aos 65 anos, mantém o sorriso tão fácil quanto generoso. Compartilhar sua prosa - e os tantos causos que amealhou em décadas de carreira - é um privilégio. Conhecido por muitos pelo trabalho com Antônio Nóbrega e por outros como o pai da incrível - mas incrível MESMO! - cantora paulistana Luciana Alves, Zé Pitoco está em Fortaleza para temporada do musical dedicado a seu conterrâneo Dominguinhos. "Isso Aqui Tá Bom Demais" está em cartaz no Cineteatro São Luiz nesta sexta, 20/10, às 20h, neste sábado às 16h e às 20h e no domingo às 18h. 

Nesta sexta, tivemos a alegria de almoçar com Zé Pitoco e de o acompanhar na chegada ao Cineteatro São Luiz, que deixou boquiabertos os integrantes do espetáculo. Entre eles, Liv Moraes, filha de Dominguinhos e uma das guardiãs e seguidoras de seu precioso legado musical.  Liv e o pernambucano Jam da Silva, aliás, chegaram à Praça do Ferreira, coração das manifestações políticas e do dia a dia de comércio e prosa do centrão de Fortaleza, em ritmo de descontração. Aproveitaram um locutor de carro de som para anunciar o espetáculo em homenagem a Seu Domingos e convidar o público. Zé Pitoco também entrou no clima e mandou seus "reclames", tal qual locutor frentista. Alegria, sol e calor, antes de uma foto em frente ao cineteatro, com o letreiro do cinema destacando o espetáculo. 

Zé Pitoco atraiu a admiração do músico cearense Luciano Franco (que tocou inúmeras vezes como Dominguinhos em Fortaleza), Edinho Vilas Boas e deste escriba no Festival de MPB de Tatuí-SP, também em um almoço, no dia da final do festival, em que estávamos participando com a canção "Noite e dia", nossa e do maestro Luciano, magistralmente interpretada por Luciana. A cantora maravilhosa ,que de há muito admirávamos, nos havia conduzido a Tatuí, dirigindo seu carro, e retornará à capital para resolver compromissos. No domingo da final do festival, convidou o pai para ir com ela a Tatuí, e aí a festa foi grande. O almoço se transformou em um novelo de histórias maravilhosas de Zé Pitoco, passando em revista causos de sua longa trajetória na música, com simplicidade e autenticidade que levaram meio compasso para encantar a todos e todas na mesa.

O mesmo espírito se fez presente em junho de 2019, quando do lançamento em São Paulo de nosso disco "Sonho ou Canção", nosso e de Luciano, com vários intérpretes convidados. O show aconteceu no JazzB, em São Paulo. Na ocasião, Zé Pitoco somou sua zabumba a nossas canções "Baião sem fim" e "Estrela do meu cantar", um baião e um xote interpretados naquela noite por Luciana Alves e Edinho Vilas Boas. Coisa de maravilhar! Na banda, o próprio Luciano na guitarra, Felipe Silveira ao piano, Carlinhos Noronha no contrabaixo e Danilinho na bateria. Além de Arismar do Espírito Santo, irrequieto como sempre, também na guitarra. Noite inesquecível!

Um baião que ficou pro camarim

Nesta sexta atalhamos Zé Pitoco no hotel, depois de contar com o auxílio luxuoso de Luciana Alves para nos comunicarmos com o multi-instrumentista. Como ele estivesse sem tempo para sair do hotel e provar do famoso baião de dois cearense em algun dos restaurantes regionais da capital, levamos o baião até Maomé. Ele se empolgou de cara, mas, diante do bifê de almoço do hotel à beira-mar de Fortaleza, preferiu guardar para o camarim... "Lá só vai ter lanche, sanduíche, essas coisas. Um baiãozim de dois vai bem demais", justificou.

Zé Pitoco deu notícias de Luciana e de Aurora, a neta, feliz em testemunhar a musicalidade da pequena de oito anos. "Não é conversa de avô não, viu?". Também mostrou entusiasmo com o novo show de João Bosco em dueto com Guto Wirtti, companheiro de Luciana e um dos contrabaixistas mais requisitados do País. "O show é maravilhoso!". E recordou histórias de Dominguinhos.


Entre elas, a famosa mania de quase nunca definir repertório dos shows. "A gente perguntava o que iria tocar (nos shows) e ele respondia: "Sei lá! Na hora vem no meu juízo!". E tome improviso. E música! E vida! Viva Zé Pitoco. Viva seu Domingos! Viva a Música!


 


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