"o cão" (Mórula Editorial, 2024) é o primeiro livro de contos da autora Martine Kunz, personagem importante também para a cena musical do Ceará para o Brasil, um contexto que ela vivenciou ativamente como companheira do saudoso Claudio Pereira, um agitador cultural que marcou época em Fortaleza e congregou a seu redor músicos e músicas, por várias décadas, alcançando grandes avanços para artistas e públicos.
A obra antecedente de Martine Kunz transita entre a pesquisa literária e a tradução, incluindo um romance autobiográfico ("Cherrizinho", de 2014). Em "o cão", Martine apresenta nove contos inéditos "permeados de um refinado humor crítico, concomitante a uma tessitura poética". A obra conta com prefácio assinado por Marcílio Godoi e orelha por Sara Síntique.
Martine Kunz nasceu em 1949, em Grand-Fort-Philippe, na França. Radicada em Fortaleza, Ceará, desde 1979, naturalizou-se brasileira em 1991. Formada em Letras, doutora pela Sorbonne (Paris, 1982), com pós-doutorado pela PUC/SP (São Paulo, 2008), foi professora de língua e literatura francesas da Universidade Federal do Ceará de 1991 a 2019.
Também publicou os livros "Expedito Sebastião da Silva" (Hedra, 2000), "Cordel: a voz do verso" (Museu do Ceará/Secult, 2001), "Zé Melancia" (Hedra, 2005), além do citado "Cherrizinho" (Armazém da cultura, 2013). "o cão" é seu primeiro livro de contos.
Trecho do prefácio, por Marcílio Godoi
Martine escreve como se cantasse um longo poema, e esses versos secretos são escandidos na fala popular, que o texto espelha e nela se transforma, tamanha a naturalidade de sua prosa. (...) As histórias deste livro, vulcânicas e amorosas, realizam em alta literatura gestos que se antecipavam em Cherrizinho, estreia da autora, que é uma ode a um encontro mais que humano. Agora um cão, um cajueiro, um naco de chão, um varal, uma janela, um caixão como uma unha, entre outras coisas, tão comuns quanto exóticas e docemente obscenas, nos surgem aqui como vigorosa redenção.
Há que se tomar este livro com toda a delicadeza, lê-lo, se possível comê-lo, em voz alta. E se alimentar e se lambuzar — das formas pagãs — do seu sagrado.
Trecho da orelha, por Sara Síntique
"As narrativas embrenham-se no ordinário e no extraordinário da vida, confrontando a “nossa pouca humanidade” diante dos olhos de um cão."
Serviço:
Lançamento do livro de Martine Kunz. Nesta quinta-feira, 29/8, às 18h, na Biblioteca Pública do Estado do Ceará - Bece. Entrada franca. Foto da autora por Maïmouna Diakité.
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