O jazz, a bossa, o Brasil perdem Osmar Milito. Em seu piano, essa saudade!

 



Osmar partiu
nosso doce maestro
gigante gentil
harmonizador do mundo
improvisador da alma
trocador da noite pelo dia. sua música traspassava a madrugada. e de dia se guardava. pra que a noite se fizesse mais uma vez ecoar
Osmar de "Ao amigo Tom"
das viagens com Sergio Mendes pelo México e pelos EUA
das madrugadas de piano nas boates com um Djavan recém-chegado ao Rio
Osmar dos discos suingados e de arranjos cheios, nos anos 70
do Misty atendendo ao pedido de um caballero com revólver sobre o piano no México
das trilhas para TV
do apto na Lagoa: "De material, tudo que a música me deu"
do abraco apertado e acompanhado do indefectível "Cê tá bom, Nego"?
da improvisação inacreditável, que avançava sobre as harmonias, alcançando um outro patamar, em êxtase musical, artístico, um transe sonoro extremamente pessoal, boquiaberto com a beleza e o sentimento de cada tema, capturado pela música como elo para a transcendência, o poético, o abstrato, o mais que sonhar, o mais que viver
Osmar dos shows na temporada no Hotel Novo Mundo, com Indiana Nomma, acendendo o fogo do jazz na noite do Rio, tão diferente daquele de outrora
Osmar dos shows na Lapa, com Arthur Maia, que já se encantou, e Pascoal Meireles. Onde uma noite foi cumprimentado por um espectador que viajara de Fortaleza
"Eita, Nego! Eu nao vou a Fortaleza desde 1970. No dia da final da Copa de 70 eu estava em Fortaleza".
Um crime contra a música e os ouvintes.  Contra a cultura brasileira, no país continental que tanto dificulta a vida de quem se dedica à cultura
o Osmar que na mesma hora recebeu o convite para ir à capital cearense, quase 50 anos depois
o Osmar que a partir de entao criou vínculos com o Ceara, fazendo diversos shows no Centro Cultural Banco do Nordeste, no projeto Jazz em Cena
gravando no estúdio de Adelson Viana o EP MilitoFrancoMoura, com Luciano e Dalwton
tocando na noite alencarina com Luciano, Edinho Vilas Boas, Hermano Faltz, Felipe Giffoni, Alex Moreira, Jorge Doudement, Paulinho Santos, André Benedecti... tantos outros e outras
Osmar que se hospedava no apto de um amigo em Fortaleza, ao lado da incrível Marcia Milito, companheira, produtora, anjo, que nao se importava com a simplicidade do local e implementava melhorias a cada temporada
Osmar que em uma dessas viagens queria comer lagosta na noite de bota-fora, mas foi desviado do caminho da Vilani para o Iate Clube, com lagosta em pedaços e cheia de creme de leite
Osmar bom de garfo mas com a santa Marcia sempre ao lado pra cuidar da moderação
Osmar do gosto pelas praias de Fortaleza e pela piscina do prédio
Osmar do disco incrível com Indiana Nomma, Unexpected, premiado, aplaudido, sempre relembrado
Osmar para quem por vezes faltavam mãos, para tantas partituras.  E que gostava de mudar o repertório na beira da hora do show
Osmar que em fevereiro deste ano realizou o antigo desejo de tocar no Festival Jazz & Blues, em Guaramiranga, onde fez um dos shows mais aplaudidos da histórica 25a. edição
Osmar que sempre será lembrado como um dos maiores músicos do Brasil, por conseguinte, do mundo
Osmar dos especiais gravados no CCBNB e na Casa de Vovó Dedé, registros de sua performance absolutamente impressionante
Mais do que isso, Osmar que nos ensinou a gostar da felicidade, e a transformar cada momento entediante das viagens de avião, ônibus, van, das longas esperas nos bastidores, das passagens de som, dos hotéis e transfers, em palco para as mais altas e melhores gargalhadas. Com seus infinitos causos da vida de tantas décadas dedicadas à música
Casos que eram deliciosos de ouvir, nao importa quantas vezes fossem contados
Osmar que mais baixinho contava histórias "cabeludas". Osmar a quem devemos nosso muito obrigado por tamanha simplicidade, afeição, generosidade.  Vida, música, companheirismo. Humanidade
Viva Osmar!
Osmar Milito!
Agradecemos. Por tudo!
Seu piano, essa saudade!

Osmar Milito, Hermano Faltz, o maestro Luciano Franco, Adriano Giffoni, André Benedecti, em gravação de especial audiovisual na Casa de ´Vovó Dedé, ONG na periferia de Fortaleza


Confira resumo biográfico de Osmar Milito, do site oficial do mestre:

Osmar Milito (São Paulo, 27 de maio de 1941) é um renomado músico, intérprete, pianista e compositor brasileiro. É considerado um dos maiores pianistas de jazz e bossa nova de todos os tempos, tendo alcançado renome internacional.

Milito começou sua carreira artística em 1964, acompanhando artistas como Sylvinha Telles, Leny Andrade, Nara Leão, Maria Bethânia, Vinícius de Morais, Gilberto Gil, Jorge Ben, Elis Regina e Pery Ribeiro, entre outros.

Em seguida foi convidado a apresentar-se no México e nos Estados Unidos, onde residiu por dois anos e atuou com Sérgio Mendes realizando shows em Las Vegas e em diversas Universidades Norte-Americanas.

Retornou ao Brasil na década de 1970, tendo participado de apresentações de Chico Buarque, Ivan Lins, Marcos Valle e Nana Caymmi, entre outros.

Em 1971, gravou seu primeiro LP, lançado simultaneamente na Argentina, Japão, Estados Unidos e Europa.

Dividiu com Hermeto Pascoal a faixa "Tema Jazz" gravada no songbook instrumental de Tom Jobim. Participou do Festival Internacional da Canção com sua música "América do Sol".

Participou de vários shows, acompanhando artistas mundialmente famosos como Liza Minelli, Sarah Vaughan, Tony Bennett, Sammy Davis, Jr.,Pat Metheny, Shelly Mane, Randy Brecker, Spanky Wilson, Mark Murphy, e Benny Golson, entre outros.

Inaugurou e atuou em diversas casas noturnas do Rio de Janeiro, montando grupos que contaram com a participação de Márcio Montarroyos, Pascoal Meirelles, Mauro Senise, Lenny Andrade e Djavan, entre outros artistas.

Compôs trilhas sonoras para o cinema brasileiro. Como intérprete, gravou 8 LPs, quatro CDs e várias trilhas sonoras para novelas da TV Globo.

Em 2005 lançou seu primeiro CD solo "Sonho de Lugar" produzido por Ricardo Cosac e com patrocínio do Hotel Novo Mundo.




No estúdio do maestro Adelson Viana, em Fortaleza, Osmar Milito gravou com Dalwton Moura e o maestro Luciano Franco o EP "MilitoFrancoMoura"



Indiana Nomma e Osmar: inúmeros shows e uma enorme amizade

Osmar Milito e Edinho Vilas Boas, na Casa de Vovó Dedé




Encontro de maestros: Luciano Franco e Osmar Milito, no estúdio de Adelson Viana, em Fortaleza: gravação do EP





Comentários

  1. Um texto perfeito de um grande conhecedor do Osmar para ele, um dos nossos maiores músicos. Um m9mento triste. Louvado seja Osmar Miluto.

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