Theresa Rachel, Rebeca Câmara e as compositoras brasileiras: sutilezas e sensibilidade no show deste sábado no Choro Jazz
Theresa Rachel e Rebeca Câmara neste sábado no palco do Dragão do Mar, Festival Choro Jazz etapa Fortaleza (fotos: Divulgação/Tainá Facó) |
“Foram me chamar, eu estou aqui, o que é que há”. Theresa
Rachel, que tanto se dedica cena de samba de Fortaleza, e Rebeca Câmara, que embora
trabalhe repertórios mais amplos também conta com o samba como presença certa
em suas apresentações, saudaram assim o público do Festival Choro Jazz,
primeira noite da etapa Fortaleza, no anfiteatro do Centro Dragão do Mar, noite
deste sábado. Com a magia de um clássico do samba e um chamamento ao público
para fazer junto a apresentação que destacou a força da presença feminina na
música de Fortaleza, celebrada com duas de suas jovens cantoras, violonistas e
autoras, e uma super convidada instrumentista.
“Dunas”, de Rosa Passos e Fernando de Oliveira, ressaltou
ainda mais a sutileza e a sensibilidade de Theresa e Rebeca, dueto diante da
vastidão do anfiteatro e após o show com maior massa sonora, de Samuel Rocha e
grupo, que abriram a noite. Que maravilha a harmonia e a melodia de Rosa
antecedendo composições marcantes de Luciana Rabello, com o solo a cargo da
cavaquinista Brenna Freire, colega de geração e mais uma artista decisivamente
influenciada por Tarcísio Sardinha (como os rapazes do show de Samuel), além do
pai de Brenna, Ribamar Sete Cordas. Diálogo direto com o Choro Jazz!
E “Quero um chamego”, de Anastácia, que veio com o sabor
daqueeelas canções bem nordestinas? “Bem que podia ser de Theresa Rachel e Rebeca
Câmara. Mas...”, brincou Rebeca. O público pôde curtir autorais como a intimista
e ao mesmo tempo popular “Flor de Sal”, de Rebeca e Adriana Martins, e a belíssima
“Chão de areia”, de Theresa, música que pede pra ganhar o mundo.
Em um show dedicado a compositoras, nessa praia, “Monsieur
Binot”, de Joyce, traz as jovens Theresa e Rebeca abraçando uma referência
importante para uma geração anterior. E uma artista imensa que, por não se
submeter ao machismo e à engrenagem das gravadoras, enfrentou muitos desafios, mas
segue como referência, para quem a ela conseguiu ter acesso – no Brasil, nos
EUA, na Europa, no Japão... no Ceará.
E celebrando clássicos de Rita Lee e Leci Brandão, Theresa
Rachel e Rebeca Câmara deixaram o palco sob muitos aplausos e pedidos de bis –
que, pela dinâmica do festival, não puderam ser atendidos. Gostinho de quero
mais, para próximos shows desse dueto de nuances e delicadezas.
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