Chico Pinheiro lotou o CCBNB Fortaleza sábado, com grandes músicos do Ceará, em edição especial do Jazz em Cena: instrumentais, canções e muita emoção

 

Hermano Faltz, Marcus Caffé, Raara Rodrigues, Pedro Façanha, Chico Pinheiro, Pedro Frota, Dalwton Moura e André Benedecti, no show que lotou o CCBNB Fortaleza neste sábado (Fotos: Fernanda Leal/Divulgação Jazz em Cena CCBNB)



Chico Pinheiro e grandes músicos do Ceará lotaram o CCBNB Fortaleza na noite deste sábado, 23/11, em uma apresentação memorável, com jazz, canções e muita emoção. Foi a primeira vez que o artista, paulistano radicado há sete anos em Nova York, se apresentou em Fortaleza, com seu trabalho próprio. E Chico abraçou a cena cearense e foi por ela abraçado, ao convidar para dividir o palco Marcus Caffé, Raara Rodrigues, Pedro Frota, Dalwton Moura, Hermano Faltz, Pedro Façanha e André Benedecti.

Chico também contou na plateia, com muitos músicos que haviam participado, na sexta, 22/11, de seu "workshow" na Casa de Vovó Dedé, em que a Sala Mansueto Barbosa também ficou lotada para a atividade com o guitarrista, compositor, cantor, arranjador e diretor musical. Ambas as atividades tiveram entrada franca e contaramm com apoio do projeto Jazz em Cena, do Centro Cultural Banco do Nordeste, da Casa de Vovó Dedé, do Espaço Bem Viver e do projeto Futuro e Memória - Música do Ceará.

Na noite deste sábado, Chico Pinheiro e convidados conseguiram lotar o CCBNB, mesmo em um momento de inúmeros eventos simultâneos em Fortaleza, como festivais na praia, feirinhas, apresentações em vários espaços. O público, concentrado e entusiasmado, aplaudiu forte ao final dos temas instrumentais, como os que marcaram a abertura do show: "A rã", de João Donato, e "Fall", de Wayne Shorter, ambos apresentados por Chico ao lado de um trio marcante na luta diária pelo fortalecimento da cena jazz na capital cearense: Hermano Faltz na guitarra, interagindo com Chico em vários improvisos ao longo do show, Pedro Façanha no contrabaixo acústico gentilmente cedido por Nélio Costa, e André Benedecti na bateria. Todos muito aplaudidos, do começo ao fim do show.



Assim como Pedro Frota, o primeiro cantor convidado da noite, que apresentou com seu belo timbre, voz muito bem colocada e com toda a elegância "Essa canção", parceria de Chico, Paulo Neves e Guile Wisnik, e "Tempestade", de Chico Pinheiro e Chico César. Pedro foi aplaudidíssimo. "Que canção, hein?", comentou, após cantar a primeira música. 

Raara Rodrigues brilhou então com as interpretações de "Na beira do rio", de Chico e Paulo Neves, com direito a muitos improvisos de Chico e Hermano Faltz, um inspirando o outro a ir mais longe, arriscar mais, chegar mais a novos caminhos nas guitarras, na música que também contou com um marcante solo de bateria de André Benedecti. Em "Ao vento", incrível canção "metropolitana" de Chico, Paulo Neves e Guile Wisnik, Raara mostrou seu alcance vocal e sua sensibilidade, sendo mais uma vez muito aplaudida. 

 O instrumental retornou ao show com "Vila Madalena", homenagem de Chico ao bairro onde nasceu e morou pela maior parte da vida, antes de "Passagem" ser apresentada em participação vocal de Dalwton Moura, contando com Marcus Caffé dobrando os vocais na última estrofe. Uma belíssima canção de Chico Pinheiro e Chico César, cujo nascimento foi contado pelo guitarrista ao público cearense. A música nasceu a partir de um momento de alumbramento, em Florianópolis, quando a visão de uma mulher, no centro da cidade, arrebatou o compositor, que transmitiu ao parceiro Chico César a ideia para a letra, que surgiu de forma magistral.

E se todos haviam sido muito aplaudidos até ali, Marcus Caffé simplesmente elevou a comunicação com o público a outro patamar, com sua performance cênica, o corpo todo cantando, arrebatando a plateia com dois sambas-jazz bem ao estilo clássico: "Se depender de mim", de Chico e Paulo César Pinheiro, e "Popó", parceria de Chico e Aldir Blanc. Entre elas, a belíssima instrumental "Tríades", durante a qual Chico visivelmente se emocionou.



Após muitos agradecimentos a todos e todas que contribuíram para a realização do sonho desta primeira apresentação do guitarrista em Fortaleza, Chico convidou todos os cantores de volta ao palco para uma recriação improvisada do clássico "Brigas nunca mais", de Tom e Vinicius. Final de um show muito aplaudido, com a plateia compreendendo e compartilhando plenamente a emoção do momento. E ficando para muitas fotos e para a confraternização com os músicos, encerrado o espetáculo. Até a próxima vez de Chico Pinheiro em Fortaleza.

Mais sobre Chico Pinheiro, o show e a oficina em Fortaleza   

Um mestre da guitarra jazz, do violão brasileiro, de influências eruditas, da harmonia e da improvisação, das composições, da voz e dos arranjos... Chico Pinheiro desafia o conceito de multitalentos, destacando-se há pelo menos 25 anos não só como exímio instrumentista, mas como um músico completo, que compõe, escreve arranjos, improvisa, mantendo em tudo uma concepção musical capaz de soar sofistica e natural ao mesmo tempo. 

Ele também canta, e muito bem, embora costume cercar-se de intérpretes referenciais para dar voz a suas canções, em discos que se tornaram clássicos, como "Meia-noite, Meio-dia", 'Chico Pinheiro" e "There´s a Storm Inside/Flor de Fogo", além da tabelinha com André Mehmari e Sérgio Santos, em "Triz". E que mergulha na música instrumental em trabalhos como "Nova", em parceria com o guitarrista Anthony Wilson, que veio ao Brasil especialmente para gravar com Chico, "Varanda" e o mais recente álbum, "City of Dreams".

Um dos artistas mais requisitados para shows e gravações pelos mestres do jazz, Chico Pinheiro teve em seu primeiro disco a estreia de uma então jovem cantora chamada... Maria Rita Mariano. Tempos depois, abrindo mão do sobrenome, ela ganharia o Brasil com seus dois primeiros discos, mais tarde se consolidando como uma das grandes cantoras do País, especialmente no samba. Também estavam no disco de estreia as incríveis vozes de Ed Motta, Luciana Alves, Chico César, Tatiana Parra, Lenine... 



Enquanto o próprio Chico "se guardava" para os vocalises e deixava para estrear como intérprete principal no álbum seguinte, em que canta composições magistrais como "Tempestade" e recebe nomes como João Bosco, na referencial "Tocador de violão", ode ao instrumento que começou a tocar aos seis anos de idade. Nascido e criado em São Paulo, Chico começou já aos 14 anos a trabalhar como violonista de estúdio.

Chico é parceiro de composição de artistas como Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Guile Wisnik e Chico César. Integra uma geração também marcada por nomes que se tornariam referência na cena instrumental brasileira, como Fabio Torres, Thiago Costa, Edu Ribeiro, Paulo Paulelli, Celso de Almeida, Marcelo Mariano, veio ao Ceará uma única vez, para se apresentar no Festival Jazz & Blues, em Guaramiranga, em 2010, esteve pela primeira vez em Fortaleza, nas atividades de sexta, 22/11 ("workshow" às 14h na Casa de Vovó Dedé), e sábado, 23/11 (show às 19h no CCBNB, com entrada franca e com o grande encontro com músicos cearenses).

A concretização dessa primeira visita a Fortaleza se deu após muitos anos de tentativa de conciliar os desafios necessários para viabilizar essa presença com a agenda mais do que concorrida do artista, que, morando há muitos anos em Nova York, após vários gigantes do jazz o terem ajudado a conseguir em tempo recorde seu "green card", tem hotéis, aeroportos, estúdios e palcos de diversas cidades dos EUA e da Europa como espaços frequentes. Entre idas e vindas a São Paulo também, onde neste ano ele lançou seu disco em parceria com Romero Lubambo, em shows em teatros do Sesc na capital paulista e em Santos, contando inclusive com ouvintes cearenses na plateia.



Chico no CCBNB com músicos cearenses

A aguardada chegada à capital cearense aconteceu seis anos depois de Chico ter recebido, também no projeto Jazz em Cena, no Centro Cultural Banco do Nordeste, um concorrido show-tributo, em que suas músicas foram recriadas por grandes nomes da cena de Fortaleza, com direito a partituras enviadas pelo artista, que também participou, por telefone, da abertura do show, cumprimentando músicos e público. Grande parte do time que tocou naquela ocasião subiu ao palco agora juntamente com Chico Pinheiro, no sábado, 23/11, às 19h, no CCBNB, a convite do compositor.

"É um momento muito importante para o projeto Jazz em Cena, o início das comemorações pelos 10 anos do programa, que se completam em 2025, e para o cenário do jazz no Ceará, premiando o alto nível de nossos músicos e a enorme dedicação com que eles constroem essa cena no dia a dia. Estamos imensamente felizes de poder contribuir para que um artista como Chico Pinheiro se apresente pela primeira vez em Fortaleza, ainda mais tendo ao lado grandes músicos cearenses, que prestaram homenagem a ele no show de 2018 e agora tiveram a alegria de dividir o palco com esse grande mestre", destaca Dalwton Moura, um dos idealizadores e produtores do Jazz em Cena, ao lado de Lucas Benedecti. 

"Queremos agradecer enormemente a Gildomar Marinhos e todos do CCBNB Fortaleza, a Wagner Barbosa e todos da Casa de Vovó Dedé e a todos e todas que estão vibrando com o show, divulgando, contribuindo, construindo junto. Vai ser um momento muito importante para a nossa cena, uma noite muito bonita com tantos encontros, concretizando essa ponte entre a música do Ceará e um dos grandes artistas do nosso país e do mundo Quem sabe não possam surgir daí futuras parcerias, novos desdobramentos", complementa.

"O workshow foi outro momento marcante, que além da parte musical contou com uma fala bem informal do Chico, uma entrevista/bate-papo, bem à vontade. Foi uma oportunidade para todos que desejaram estar presentes pudesem trocar ideias, dialogar, fazer perguntas, fazer junto este momento", acrescenta o produtor. 


Chico Pinheiro: músico do mundo

Paralelamente aos seus principais projetos como líder, Chico Pinheiro colaborou também com artistas como Plácido Domingo, Kathleen Battle, Brad Mehldau, Dave Grusin, Kenny Werner, Dianne Reeves, Kurt Elling, Danilo Pérez, Nnenna Freelon, Bob Mintzer, Herbie Hancock, Brian Blade (IJD ), Ron Carter, Chris Potter, John Patitucci, Orpheus Chamber Orchestra, The Israel Chamber Orchestra, The Bob Mintzer Big Band, The Paris Jazz Big Band, The Swiss Jazz Orchestra, The Danish Radio Big Band, The Seasons Guitar Quartet com Anthony Wilson , Julian Lage e Steve Cardenas, Esperanza Spalding, Joyce, Ivan Lins, Rosa Passos, Dori Caymmi, Danilo Caymmi, João Donato, Johnny Alf, Chico César, Ed Motta, César Camargo Mariano, Elza Soares, Monarco, Mark Turner, Tom Scott , Joe Lovano, Luciana Souza, Terri Lyne Carrington, Eddie Gomez, Gary Novak, Lee Ritenour, Abraham Laboriel, Paulinho da Costa, Sammy Figueroa, Cachaíto Lopez (Buena Vista Social Club), Roberto Fonseca, Ari Hoenig, Claudio Roditi, Duduka da Fonseca, Peter Erskine, Giovani Hidalgo, entre outros.

“Se você gosta de música brasileira aventureira, criativa e contemporânea, Chico Pinheiro é o homem que a leva para o próximo nível". (WDNA, Miami).

“Um guitarrista surpreendente cuja capacidade técnica e sentimento emotivo pelo instrumento estão acima da média de tudo o que está relacionado com guitarras que experimentei ultimamente" (Aldeia Global, Savannah, GA, EUA).

“‎Uma das luzes mais brilhantes da cena jazzística brasileira atual” (The Boston Globe).

“‎Chico Pinheiro é um prodígio da guitarra” (Revista Downbeat).










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