Nem a chuva atrapalhou o show dos cearenses Edinho Vilas Boas, Luciano Franco e Dalwton Moura em Salvador, nesta noite de sexta-feira, 22/3, quarta das sete apresentações do coletivo de compositores na capital baiana. Desta vez, a primeira apresentação ao ar livre, na arborizada praça Myriam Fraga, no bairro Itaigara, região da Pituba, em uma iniciativa da Associação de Moradores de Itaigara (AMI), levando os artistas cearenses a um espaço aberto, após três shows, desde terça-feira, 18, na Casa da Mãe, no La Premiatta e no Fratello.
O clima de encontro dos moradores e moradoras do bairro para um "sextou" com música em cerca de 30 mesas dispostas perto de dois quiosques na praça deu o tom da apresentação, que contou com mais músicas conhecidas do grande público, para cantar junto, além de várias autorais de Edinho, Luciano, Dalwton e parceiros. Também houve cearenses na plateia, premiados com releituras de Edinho e Luciano para clássicos como "Terral", de Ednardo, "Mucuripe", de Fagner e Belchior, e "A palo seco", de Bel.
Mas, assim como nos shows anteriores, as canções autorais são o foco da apresentação, mesmo em um show ao ar livre, com maior número de releituras do que nas noites anteriores da temporada que se encerra neste domingo, às 15h, com show no Pedra da Sereia, no Rio Vermelho. E que neste sábado tem show às 19h na Casa da Felicidade, com Luciano, Edinho, Dalwton e participação da cantora baiana Sandra Simões, e encontro especial na Casa da Mãe, às 21h30, com Edinho, a cantora baiana Stella Maris, o compositor e cantor baiano Walmir Palma, parceiro de Rosa Passos, Luciano, Dalwton e outros artistas convidados, em um momento dedicado ao tema "Samba e Poesia".
Voltando ao show desta sexta na simpática praça de Itaigara, "Presságio" e "Hora de sambar", de Luciano e Dalwton, na voz de Edinho e na guitarra de Luciano, assim como "Soneto do poeta morto-vivo", de Edinho e Luis Lima Verde, e "Retumbante", de Edinho, estiveram entre os destaques autorais da noite, no início da apresentação. Assim como o medley com "Pra sempre luz" e "Quartos de hotel", reunindo parcerias de Edinho com Rui Farias e também com Alan Mendonça. Tudo com direito à simbólica e afetiva presença de baianas do acarajé, atrás do palco, sendo vistas nas fotos e nos vídeos, sem deixar engano sobre o local do show.
Parcerias em conexão Ceará-Bahia
Edinho também celebrou as parcerias do cearense Fausto Nilo com os baianos Moraes Moreira, com uma versão bem suingada, pulsante, para "Bloco do prazer", e Armandinho, com "Zanzibar", colocando o povo da praça pra cantar. Teve homenagem a Dominguinhos, com "Onde está você", de Zezum, uma passadinha por Minas com "Quem sabe isso quer dizer amor", de Lô e Marcio Borges, e mais músicas de autores baianos, como o clássico "Baby", de Caetano, composto a pedido de Bethânia, que "compareceu" ao final do show, com Edinho demonstrando sua clássica imitação da cantora de Santo Amaro da Purificação.
"Brigadinha, senhores!", brincou, pouco antes de a chuva tomar a praça e obrigar a produção a colocar às pressas um toldo que estava reservado justamente caso o tempo resolvesse mudar, após os últimos dias de forte calor em Salvador. Chuva de verão recebida com "Chove chuva", de Jorge Ben sem o Jor, com Luciano na guitarra, Edinho na voz e no violão, antes de um medley de sambas pra todo mundo cantar junto e celebrar esse encontro entre artistas de Fortaleza e público de Salvador.
Homenagem a Fernando de Oliveira e Rosa Passos
Durante o dia teve também entrevista de Dalwton na companhia de Walmir Palma, na Cardeal FM, ocasião em que o cearense interpretou "Futuro e memória", dele e de Rogério Franco, e "Nem azuis nem beira-mar", de Rodger Rogério e Capinan (dupla que deverá ter um encontro online na manhã deste sábado, por intermédio da comitiva cearense em Salvador).
Teve também passagem de som, pela manhã, para o show da noite, que, no bloco de participação de Dalwton, apresentou "Pelo avesso do tempo", composição sua e do mestre da bossa nova, Roberto Menescal, com direito a um solo de Edinho no improviso vocal, amadurecido ao longo da temporada baiana desse trio de compositores cearenses. Em homenagem a Fernando de Oliveira e Rosa Passos, Dalwton e Luciano interpretaram o clássico "Dunas", celebrando o "mês de março em Salvador". Também o samba-choro "Sempre a perguntar" e o xote "Estrela do meu cantar", ambas de Dalwton e Luciano.
Ao final do show, a certeza de um dos momentos mais diferentes vivenciados na viagem, em uma apresentação em praça pública, com direito a pedidos inusitados e muitos aplausos para as canções do trio de autores cearenses. Com muitos agradecimentos aos técnicos e produtores, além da direção da AMI e do anfitrião Sérgio Franco, Edinho, em particular, encerrou a noite recebendo muitos elogios por sua voz, seu violão, seu carisma, sua presença cênica, sua sensibilidade em fazer a leitura da plateia e compreender, escolher e interpretar o repertório certo para cada momento. Do autoral ao "sambão", pra cantar na chuva. Salvador e suas surpresas, também para os artistas cearenses.
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