Projeto Miudinho foi aplaudido de pé por crianças de todas as idades neste domingo, 27/4, no Crato, nas comemorações pelos três anos do Centro Cultural Cariri. Em maio tem mais Miudinho, em Nova Olinda, Barbalha e outras cidades da região

A temporada 2025 do projeto Jazz em Cena começou da melhor forma, com o BNB Clube lotado na noite desta sexta-feira, 31/1, com show especial do saxofonista Bob Mesquita, lançando o disco instrumental “Sendo Assim”, e recebendo muitos aplausos de um público atento e emocionado. O Jazz em Cena está completando 10 anos e tem realização do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) Fortaleza, concretizando o sonho de uma temporada permanente de jazz em Fortaleza, com apresentações todos os meses.

O show aconteceu no BNB Clube da Av. Santos Dumont, como parte da programação de janeiro promovida pelo CCBNB em outros espaços da capital cearense, enquanto o centro cultural passa por obras de reforma e manutenção. 

Juntamente ao professor Bob Mesquita no saxofone, nas composições, nos arranjos, na direção artística e na direção musical, o show contou com muitos, muitos aplausos para Stênio Gonçalves (guitarra), Lucas Marques (contrabaixo), Thiago Almeida (teclado) e Michael da Silva (bateria), além de uma participação improvisada e muitíssimo bem recebida pela plateia, do saxofonista e compositor Marcio Resende, que já foi professor de Bob. Uma verdadeira seleção de craques da cena musical do Ceará para o Brasil, reconhecida calorosamente pelo público, no projeto que nasceu há 10 anos com o objetivo de ajudar a construir mais pontes entre o público e os músicos cearenses, de promover, divulgar e destacar a música do Ceará.

Bob mostrou as composições do disco "Sendo assim", que estará disponível em todas as plataformas digitais a partir de 7 de fevereiro. Músicos que estiveram no show, aplaudidíssimos pela interpretação dos temas e pelas ousadas e inspiradas improvisações em amplos espaços ao longo da noite, também participaram da gravação do disco, realizada em três sessões, à forma dos clássicos álbuns dos nomes históricos do jazz.

"A mensagem desse disco é sobretudo do amor pela música, do amor pelos amigos e por todos os que são importantes para nós", destacou Bob Mesquita, ao final da apresentação, visivelmente emocionado e agradecendo várias vezes ao público que lotou o salão climatizado do clube, à equipe técnica, à produção do Jazz em Cena e a todos do BNB Clube e do CCBNB, responsável por apoiar o projeto.

Bob dedicou temas ao contrabaixista Renato Campos, homenageado na música "Mr. Naná" e parceiro em outra composição do disco, e à esposa, Ana Jessyca, presenteada com a música "Pra sempre @". "Fui mandar uma coisa pra ela por email e perguntei qual era o endereço de email dela. Ela disse que era 'prasempreana@live.com'. E eu perguntei por quê. E ela respondeu: 'Porque é pra sempre!'. Achei muito bonito e fiz a música", revelou, sobre o tema que encerrou o show, com muitos aplausos à melodia repetida pela voz do contrabaixista Lucas Marques e ao inspiradíssimo Bob Mesquita no improviso no sax tenor.

Os improvisos de Stênio Gonçalves na guitarra, Thiago Almeida no teclado, Lucas Marques no contrabaixo e Michael da Silva na bateria (tocando também sem baquetas), Bob e Marcio Resende, foram reconhecidos pelo público. Momentos de transcendência, no exercício do tocar junto, do estar junto, do viver coletivamente, como ensina o jazz, cada um trazendo sua bagagem, seu sentimento, o estado da arte de seu coração, para dizer musicalmente como se sente, para sentir conjuntamente no diálogo com os companheiros de palco, na entrega de vida e de alma que é a opção pela música, na performance que parte da expertise e do conhecimento para ir muito além, chegando a outros patamares de expressão, linguagem, poesia. Um mergulho na intensidade. Aquilo que é indescritível e irrepetível. Quem esteve presente pode ouvir, ver, sentir. Riscos. Inspiração. Alumbramentos. 

Como nos duetos de Bob Mesquita e Marcio Resende, celebrando Tom Jobim em "Triste", com Marcio ficando no palco para brilhar também nos temas autorais de Bob. Como no momento em que, em meio às suas composições intrincadas e desafiadoras mas bem acolhidas pelo público, Bob pediu licença para falar que, assim como todo músico tem uma excentricidade, ele sempre nutriu um amor pela música brega. A canção popular romântica, tantas vezes julgada como "menor" por alguns. Assim, e pela provocação de um amigo presente ao show, surgiu a ideia de gravar, com um arranjo instrumental, entre o slow jazz e a balada, a emblemática "Sendo assim", do repertório de Genival Santos. Pois a música foi uma das mais aplaudidas da noite, com os caminhos do sax tenor de Bob Mesquita improvisando e chamando atenção para a expressão da melodia original e para os caminhos daquela que bem poderia ser uma "chanson", em outros campos, outras paisagens.

O "Afoxé das Princesas", homenagem de Bob às sobrinhas, foi outro destaque da noite, com muitos improvisos e um crescente rítmico que talvez não ajudasse as pequeninas a dormirem... Bob também dedicou uma música, o "Forró do Véio", a seu pai, em consonância com o componente afetivo que marca o novo álbum. E destacou o trabalho que realiza, ensinando música a estudantes de diversos países, ressaltando a emoção de contar com um aluno que veio a Fortaleza, diretamente de Boston, nos EUA, especialmente para assistir ao show. "É surreal! Muito obrigado por ter vindo!", registrou, destacando se tratar de um excelente aluno. Mais uma emoção na noite que contou, também na plateia, com outros grandes músicos cearenses, como Marcus Dias, Isaac Cândido, Lucas Arruda, Idilva Germano, Mauricio Matos, entre outros.

Michael da Silva, Lucas Arruda e Thiago Almeida: emoção transbordante após o show

Mais sobre Bob Mesquita   

Bob Mesquita é um dos mais aclamados instrumentistas da cena musical do Ceará para o Brasil, jovem e já experiente músico que se destaca nos saxofones alto, soprano e tenor, além da flauta, e se dedica fortemente ao estudo e ao ensino musical, com destaque para aulas de improvisação jazzística. Lançou um livro sobre as ‘Coltrane changes”, as intrincadas progressões de acordes, sequências harmônicas que o mestre do sax tenor desenvolveu e que deslumbraram o mundo do jazz em discos como o clássico “Giant Steps”, de 1961, mobilizando até hoje instrumentistas e ouvintes em todo o mundo.

Além de ser um dos músicos mais frequentes nos teatros, centros culturais, festivais e espaços do jazz em casas noturnas de Fortaleza, Bob também assinou os arranjos e a direção musical do projeto “Ritornelo”, uma homenagem ao falecido guitarrista cearense Rodrigo Gondim, incluindo CD com composições do saudoso artista e um songbook com partituras dos temas. E lançou o disco solo “Incomum”, com forte influência rítmica nordestina, com linhas harmônicas e melódicas vindas do “fusion”, do jazz e da música brasileira.

Próximo show: 22/2, no CCBNB, com Idilva Germano

A próxima edição do Jazz em Cena acontece no sábado, 22 de fevereiro, às 19h, de volta ao endereço tradicional do projeto: o CCBNB Fortaleza, na Rua Conde D´Eu, 560, Centro, com entrada franca. Dia e hora do show da cantora Idilva Germano, celebrando o samba-canção, a partir do livro "A Noite do Meu Bem", de Ruy Castro. A direção musical e os arranjos são do maestro Luciano Franco, com repertório selecionado por Idilva Germano, também responsável pela direção artística. Em março, em data a confirmar em breve, show de Thiago Almeida, com a estreia de um super grupo. Vale seguir na trilha do jazz, da música e dos músicos do Ceará. A 10a. temporada do Jazz em Cena está apenas começando. 

A TV Verdes Mares destacou o show: um dos vários espaços de imprensa para a abertura da temporada do Jazz em Cena