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Chico Pinheiro arrebatou o público no Choro Jazz, em Jeri, nesta quinta: tempos quebrados, improvisação virtuosa, composições marcantes. A música brasileira, cada vez melhor!

 





Texto: Dalwton Moura

Fotos: Divulgação/Festival Choro Jazz/Lorena Fadul/Cadu Fernandes/Lilis Moreira/Amana Mídia


Quem conhece o trabalho Chico Pinheiro desde 2000 certamente já se perguntou muito mais de uma vez: como alguém pode reunir tantos talentos, ser literalmente um virtuoso em tantas e tantas frentes do fazer musical? Na composição, na improvisação, na harmonização, na melodia, na guitarra, no violão, no arranjo, na prática de conjunto, na dinâmica, na produção e na concepção musical, fazendo bonito também ao cantar e ao provocar um necessário debate sobre o nefasto papel que as plataformas de música vêm tendo para artistas do mundo inteiro. Inclusive para esse brasileiro de há muito radicado em Nova York, base da qual parte para semear nossa música pelos EUA, pela Europa, pelo Japão, pela América do Sul... E até pelo Brasil!

Aplaudidíssima, Vanessa Ferreira foi um dos destaques de um show de virtuosos

Abrindo seu show nesta quinta-feira, em Jericoacoara, no festival Choro Jazz, com "Tempestade", a belíssima composição instrumental de sua autoria, em cinco (criação que também ganhou letra de Chico César e está presente no clássico disco "Meia noite, meio dia", o primeiro de Chico), o guitarrista já dava psitas do que estava por vir. Um show com muitas músicas em tempos quebrados, compassos desafiadores para o ouvinte e que, mesmo assim, conquistou a plateia desde o início. Com a exuberância de Chico na improvisação em sua Benedetto vermelha, dialogando com o piano do maestro Tiago Costa (com quem deu aulas de arranjo, nas oficinas do festival Choro Jazz em Jeri), com a excelente Vanessa Ferreira no contrabaixo acústico e com o alienígena Edu Ribeiro na bateria, Chico deixou claro o altíssimo nível que permeou toda a apresentação. Coisa de craque, que faz o difícil soar natural, o complexo parecer espontâneo, o elaborado soar fluido, constante, liberto. Livre como a música jazz. 

Com temas de Wayne Shorter e Carla Bley (uma brincadeira com Jericoacoara, em "Donkey", "no lugar mais propício pra gente tocar essa música. A melodia dela parece o andar de um jeguinho", comentou), Chico cativou a todos com sua música que, nascida da dedicação de uma vida inteira e de profundo mergulho no esmero técnico, não se esquece jamais da principal tarefa de todo artista dos sons: emocionar! Foi assim também em "Wonder Wheel", com mais um improviso de Vanessa amealhando aplausos entusiasmados, e com o passeio de Chico pela improvisação convidando o ouvinte a entrar em um outro estado de espírito.

O "alienígena" Edu Ribeiro também foi reverenciado pelo público

"E você, maravilhoso!", gritou uma moça, da plateia, após Chico apresentar novamente os integrantes do trio, depois da melódica "Varanda", parceria dele com Tiago Costa, do disco "Triz", um dos grandes álbuns desse mestre da música do Brasil para o mundo. "Fiquem depois da gente com o MPB-4, maravilhoso. Nós todos somos grandes fãs! Mestres dos mestres", destacou, antes de tocar a última do show, dedicada ao grupo de Aquiles, Miltinho, Dalmo e Paulo Pauleira. Iniciando o tema com uma persistente e impressionante sincronia entre guitarra e piano, passeando principalmente nos graves. Seguidos do baixo de Vanessa e da bateria de Edu em um samba em crescendo, com mais espaço para um mergulho hipnótico no improviso, arrebatador, sequestrando a atenção da plateia lotada. 

O Brasil merece conhecer melhor Chico Pinheiro. Direito de nosso povo, poder aplaudir um dos maiores músicos do mundo. Que sorte a nossa de, do seu apartamento em Nova York, nos discos, palcos, estúdios onde é aclamado pelos maiores nomes do jazz norte-americano e europeu, ele jamais deixar de ser gente da gente. Além de tudo, sempre gentil e atencioso com cada pessoa: ouvintes, técnicos, produtores, trabalhadores e trabalhadoras da cultura. Para todo, Chico Pinheiro do Brasil! 






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