Na noite desta terça-feira, 3/12, na praça principal de Jericoacoara, na abertura do Festival Choro Jazz na vila, Jorge Helder e o brasiliense Lula Galvão fizeram um belíssimo show, com muitos elogios do público. O dueto de violão e contrabaixo, reunindo dois dos mais experientes e aclamados músicos brasileiros, que costumam se dedicar a acompanhar e dirigir outros artistas e que nesta terça mostraram seu próprio trabalho, chamou atenção desde o início pela sutileza e pela sensibilidade. Pelo encadeamento dos instrumentos, pela cumplicidade e pela fluidez da dupla, entre harmonizações, solos dos temas, improvisações inspiradas, com cada um crescendo e indo mais longe, a partir do que o outro tocava, trazia, propunha.
"Parece que ensaiaram um ano inteiro", comentou Aquiles Rique Reis, integrante do clássico grupo MPB-4 e crítico musical, um dos convidados a acompanhar e divulgar o festival em Jeri. Foram três ensaios, na verdade, pontuou Jorge Helder, o cearense que desde os anos 80 se radicou inicialmente em Brasília e depois no Rio de Janeiro e que hoje integra os grupos de Chico Buarque e Maria Bethânia, sendo um dos diretores musicais do show de Bethânia e Caetano, um dos espetáculos mais aclamados de 2024, em turnê nacional. Mas o entrosamento, o diálogo permanente, a criatividade e a inspiração com que Jorge e Lula se apresentaram nesta terça mostram que a empatia e a cumplicidade vêm de muito antes.
"Esse cara foi meu mestre desde os 17, quando eu tava chegando em Brasília. Ele já tocava como tá tocando hoje! É impressionante esse cara!", destacou Jorge, no palco. Lula também falou da emoção e da honra de tocar ao lado de Helder, no Ceará. E a cada tema o duo chamava mais atenção pela dinâmica entre baixo elétrico e violão, pela riqueza do repertório mas principalmente da forma de apresentá-lo, com cada músico se alternando entre harmonizar, solar, acompanhar, improvisar. Percebendo o outro. Escutando. Interagindo. Criando a partir da criação do colega de palco.
Assim foi, desde a abertura do show, com "Amazonas", de João Donato, até destaques como "Radamés e Pelé", de Tom Jobim, o "Prelúdio No. 4 de Villa Lobos", até o encerramento com "Salvador", de Egberto Gismonti. Passando, entre outras, pelas maravilhosas autorais "Caroá", de Jorge Helder ("Um baiãozinho que fiz em homenagem ao meu Ceará") e "Abaporu", apresentada pelo baixista cearense como "uma música do Lula, que ele nem queria tocar, mas vai ter que tocar. É linda!". Muitos e merecidos aplausos e cumprimentos para Lula e Jorge, com muitos da plateia querendo mais.
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